Camila Maxi
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Cerca de 45 anos se passaram desde a estreia de Hair na Broadway. Ao retratar o nascimento do movimento cultural e comportamental dos anos 60 e 70, o musical dos hippies se tornou um fenômeno que marcou época. Ganhou versão em filme e nos tablados. Dessa vez, Brasília recebe o espetáculo em releitura contextualizada, que une a adaptação do cinema e a peça. Tudo incrementado com uma pitada de jeitinho brasileiro.
Hoje e amanhã o público poderá conferir a montagem assinada por Élia Cavalante com roteiro adaptado por Rafael Oliveira. Em cartaz na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, “Hair tem uma atmosfera vinculada a essa nova era. É uma peça atemporal, por isso tem tudo a ver com 2012”, comenta Élia.
A produção independente, que conta a história de um grupo de amigos liberais que são contra o alistamente obrigatório no Exército, traz uma gama de novidades, como a inclusão de um personagem. Durante a apresentação ele é chamado apenas de “garoto”. Ele foi convocado para a guerra e está indo para a cidade grande mas, de repente, decide não ir mais. A partir daí o personagem passa a representar a plateia e se transforma em um espectador.
Os temas abordados na montagem são polêmicos. “Falamos sobre a nova era, drogas, guerra, espiritualidade, paz, amor, formas de cantar, vestir, falar e representar o País”, resume.
Algumas pessoas da plateia serão escolhidas ao longo da apresentação para se sentarem no palco ao lado dos atores. Outro diferencial de Hair é que oficinas paralelas de figurino e cenário foram realizadas para subsidiar o espetáculo.
“Foi revolucionário. É a primeira oficina que subsidia um espetáculo na capital. Os artistas criaram e trabalharam a partir do original”, conta a diretora. E, curiosamente, todo o elenco é composto por amadores. O figurino, que tem um toque especial, foi criado de acordo com os artistas.
Élia atenta para a falta de incentivo que o teatro musical possui em Brasília. E reclama que os teatros não têm suporte para tal realização. “O áudio do espetáculo tem que ser diferente, por se tratar de um musical, mas não temos aqui um espaço que suporte isso. Brasília é carente de tecnicos de som”, critica.
Saiba Mais
As montagens ao redor do mundo do musical contam com pelo menos 32 músicas no repertório.
A gravação com o elenco original da Broadway recebeu o Prêmio Grammy em 1968 para melhor trilha de musical e vendeu cerca de três milhões de cópias nos EUA até dezembro de 1969.
Produções do Brasil, Inglaterra, Alemanha, Suécia, Japão, Israel, Austrália e outros países também lançaram discos gravados por seus elencos e mais de mil gravações vocais e instrumentais individuais de suas canções foram colocadas no mercado.