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Musical de Marcus Mota e Hugo Rodas mostra nova versão de Rei Davi

Arquivo Geral

28/11/2012 13h13

Foto:Clara Braga

Nos livros bíblicos e didáticos, o rei David aparece como uma importante figura histórica. Sucessor de Saul, ele teria completado a conquista da Palestina e transformado a cidade de Jerusalém na nova capital do reino.Mas, e se a história de fato não tiver sido assim? E se David não tiver sido descendente de uma linhagem real, mas um mito construído, um herói fabricado pelo povo? 

O diretor Hugo Rodas e o dramaturgo Marcus Mota partem dessa premissa no espetáculo dramático-musical “Rei David”, em cartaz de 28 de novembro a 02 de dezembro, no Anfiteatro 09 da Universidade de Brasília, localizado no Instituto Central de Ciências – ICC (Minhocão), campus Darcy Ribeiro. O projeto faz parte das comemorações dos 50 anos da UnB, e terá sessões duplas todos os dias, com entrada franca.Classificação 14 anos. Informações:(61) 9214- 4861/ (61) 8119- 9443 

 

“Rei David” se vale da figura do rei bíblico para debater a construção de heróis e líderes carismáticos.  Ao longo de três atos, com mais de cinqüenta pessoas em cena, e uma estética que envolve estruturas de artes cênicas, dança, música orquestral e coro, o espetáculo do LADI, Laboratório de Dramaturgia e Imaginação Dramática da Universidade de Brasília, nasceu a partir das pesquisas do arqueólogo Israel Finkelstein que demonstraram uma contradição entre a narrativa sobre uma casa real em Jerusalém e os vestígios de população humana. Segundo Finkelstein, a época que se atribui a formação do Reino de David, a região era habitada apenas por bandidos e tribos nômades. Não havia estrutura social para sustentar uma corte.

 

A partir da descoberta arqueológica de Finkelstein, que rendeu, entre outros, os livros “A Bíblia não tinha razão” e “David e Salomão: Em busca dos reis bíblicos e as raízes da tradição ocidental”, Marcus Mota escreveu uma nova história de David: um anônimo no meio da multidão, um joão-ninguém que vai caindo nas graças do povo. Do povo que precisa de heróis. Do povo que cria heróis. Heróis como David. 

 

“Rei David” aproxima passado e presente, tendo como centro a relação entre o rei e seu povo, entre o líder e o coro.  O foco não está em reproduzir e confirmar a narrativa bíblica, mas em mostrar como a História gira em torno da imaginação popular, que pode ser criativa, liberadora e escrava de seus medos e esperanças. Bandidos de ontem e de agora se fundem na trajetória de David.

 

Para ampliar o debate sobre o assunto, a direção de Hugo Rodas se vale da aproximação de teatro, música e dança como forma de mostrar os diversos aspectos das estratégias do populismo. As canções do coro, os diálogos entre os atores, as intervenções da música ao vivo, tudo converge para uma troca de sentimentos, memórias e expectativas entre o público e os artistas. O que importa é ouvir e ver um novo David, uma outra versão de nós mesmos.“Rei David” foi contemplado em 2010, pelo edital de Projetos Especiais do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC) e marca a 6ª parceria entre Marcus Mota e Hugo Rodas. 

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