Camilla Sanches
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Depois de estrear no Rio de Janeiro, em agosto de 2010, no Teatro Oi Casa Grande, e reestrear com temporada de dezembro a março, no João Caetano, e passar pelo Festival de Curitiba, em abril deste ano, é a vez de Brasília ser prestigiada pelo baile de carnaval promovido pelos diretores Claudio Botelho e Charles Möeller. A dupla aclamada nacionalmente traz neste domingo à capital federal o musical É Com Esse Que Eu Vou – O Samba do Carnaval na Rua e no Salão, de autoria do casal Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral – aqueles mesmos de Sassaricando – E o Rio Inventou a Marchinha, de 2007.

O palco escolhido para a estreia local foi o do Teatro da Caixa, por onde também passou o espetáculo anterior da dupla. “O primeiro contato que fizemos foi com a Caixa (Cultural), em virtude da experiência maravilhosa e bem sucedida que tivemos com o Sassaricando”, comenta Cabral, em entrevista, por telefone, ao Jornal de Brasília. “Decidimos, então, manter a parceria“.
Diferente do Teatro João Caetano, na capital carioca, ou do Guairão (Auditório Bento Munhoz da Rocha, o Teatro Guaíra), em Curitiba, a locação escolhida na capital federal não dispõe de altura suficiente para alocar a escadaria do cassino, onde são encenadas parte das cenas da montagem. “Preferiria com a escada e tudo o mais, evidentemente, mas creio que a peça não perde em qualidade, continua boa, apesar da falta deste cenário”, considera o autor, que também é jornalista, escritor, compositor e produtor de discos.
Além desta adaptação, nada mais foi alterado no roteiro. Segundo Rosa Maria, “teremos a mesma duração, sem nenhum corte de músicas”. O que o público vai poder conferir nestes três dias de apresentações (sexta, sábado e domingo) é um verdadeiro desfile pelos carnavais das décadas compreendidas entre os anos de 1920 e 1970.
Protagonizada, entre aspas, pela atriz e cantora Soraya Ravenle, acompanhada de grande elenco, É Com Esse Que Eu Vou… saiu em DVD homônimo, pela Biscoito Fino, na íntegra, em dois atos, gravados ao vivo no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. O lançamento oficial aconteceu em dois dias, no primeiro semestre de 2011, no Teatro Rival, na Cinelândia, centro da cidade maravilhosa.
Em quase duas horas de apresentação e muita cantoria – com intervalo – o espectador é convidado a relembrar parte da história do Carnaval carioca, por meio de seus sambas. “Queríamos terminar de contar a história carnavalesca e mostrar este outro lado do “disco”, que são as composições dos sambistas”, argumenta a historiadora e esposa de Sérgio Cabral. “Essas canções foram gravadas pelos nossos melhores intérpretes.
Fruto da pesquisa histórica do jornalista Sérgio Cabral e da historiadora Rosa Maria Araújo, a turnê nacional do espetpaculo começa por aqui, segue para a vizinha Goiânia (GO), de lá para Vitória (ES), Salvador (BA), Natal (RN) e Belo Horizonte (MG). “Nos pedem muito para levar a Portugal, ambos os espetáculos. Mandamos material, mas ainda não podemos confirmar nada”, adianta a autora.

Os protagonistas
“Foram um ano e alguns meses de pesquisa. Ouvimos mais de mil sambas para escolher dentre elas as melhores músicas para contar a história que queríamos contar”, observa o escritor. O musical reúne composições de Herivelto Martins, Noel Rosa, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Roberto Martins, Wilson Batista e Haroldo Lobo.
No elenco, além de Soraya, Pedro Paulo Malta, Alfredo Del-Penho, Beatriz Faria (filha de Paulinho da Viola), Marcos Sacramento, Makley Matos (conhecido dos bares locais) e Juliana Diniz – no lugar de Lilian Valeska, em cartaz no Rio com outra peça, desta vez em homenagem ao eterno síndico Tim Maia.
Além dos atores-cantores excelentes, a banda formada por Beto Cazes (percussão), Dirceu Leite (sopros), Fabiano Segalote (trombone), Gilson Santos (trompete e flugelhorn), Henrique Cazes (cavaquinho), Oscar Bolão (bateria), Jorge Helder (baixo acústico), Paulino Dias (percussão) e Luis Filipe de Lima (violões), que assina a direção musical, completa o bloco carnavalesco que fez a plateia vibrar no Rio e no Paraná e promete fazer qualquer um se arrepiar na poltrona de casa – com o DVD – ou no Teatro da Caixa, neste fim de semana.
“Conhecia alguma coisa do repertório que apresentamos, mas não tudo, né, porque foi uma pesquisa com P maiúsculo, se assim podemos dizer”, declarou Soraya Ravenle, para quem a preparação para o espetáculo se compara a uma maratona. “Nós atores temos que ser um pouco como atletas, porque tem toda uma preparação vocal, musical, teatral e corporal. Temos que estar sempre bem”, pondera.
Para Sérgio Cabral, é gratificante ver a emoção das pessoas ao final da encenação. “Me deixa muito feliz”, comemora ele. “Desde os mais velhos aos jovens, como uma moça de 18 anos que chorava descontroladamente durante uma apresentação no Rio”, recorda.
Na época do Festival de Curitiba, a reportagem do Jornal de Brasília conversou com os autores e acompanhou a satisfaçãocom o dever cumprido. “Depois de lá, onde a estreia foi avassaladora, nossa intenção era viajar o País”, garantiu Rosa Maria Araújo, ao destacar o espanto com a receptividade do musical na capital sulista e prometer passar pela capital da República. Promessa feita, promessa cúmprida.
É Com Esse que Eu Vou – Domingo (25), às 19h. No Teatro da Caixa (Setor Bancário Sul, Quadra 4). Ingressos (inteira): R$ 20. Não recomendado para menores de 14 anos.