Com seu jeito inconfundível de transformar sentimentos em melodias, Nando Reis retorna a Brasília para emocionar o público com sua poesia musicada. No palco, a simplicidade de sua voz e interpretação se tornam em um espetáculo visceral, que dissolve as fronteiras entre a música e a poesia.
Conhecido por traduzir emoções e experiências em letras profundas, Nando prova, mais uma vez, por que é uma das vozes mais icônicas da música brasileira. Suas composições falam diretamente ao coração, seja por clássicos da carreira solo, sucessos dos tempos de Titãs ou parcerias inesquecíveis. No show desta sexta, 13 de dezembro, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães se torna o cenário ideal para que o artista revele a intensidade de suas canções, em sintonia com uma cidade que respira cultura. Com a nova turnê “Uma Estrela Misteriosa”, sua presença ilumina o palco com a essência de sua arte: uma conexão genuína e descomplicada com o público.
A turnê vai além do espetáculo musical, sendo um movimento colaborativo, inclusivo, interativo, sustentável e descentralizado. Nando Reis sempre abraçou e defendeu causas sociais, e seus novos álbuns refletem essa visão. Este também é um marco pessoal e significativo para o cantor, que superou o alcoolismo e as drogas, sendo seu primeiro projeto realizado inteiramente em sobriedade.
Em entrevista ao Jornal de Brasília, Nando compartilha: “Os três pilares – colaboração, inclusão e interação – são intrínsecos a minha atividade. Eu gosto de trabalhar em banda. Todos os discos que fiz na minha vida, mesmo na carreira solo, foram projetos que contaram com apoio de músicos. Essa colaboração, quando vai a um show, é extensiva e um trabalho feito em equipe”.
O artista conta que a inclusão tem sido uma tônica, talvez, a parte que tenha dado mais ênfase e, sobretudo, a mais significativa, em razão do trabalho pró-acessibilidade dentro das casas de shows, em colaboração com Vanessa Bruna, uma mulher cega, carioca, de 40 anos, especialista em Acessibilidade Cultural, que tem um projeto chamado “Incluir pela Arte”. “Estamos fazendo um trabalho prévio com as casas, em cada cidade, buscando mediadores, intérpretes para poder receber todos com igualdade. Isso é uma premissa daquilo que é o meu trabalho. Faço música para todo mundo e deve ser acessível a todos”, defende Nando.
A sobriedade também trouxe uma nova clareza a sua trajetória, refletica naconexão com o público durante os shows. Embora sua criatividade nunca tenha dependido de substâncias, ele admite que, nos últimos oito anos, houve momentos constrangedores devido ao uso de substâncias. Agora, plenamente consciente, ele se sente mais presente e em sintonia com o público, elevando a qualidade de seus shows e reafirmando o poder transformador da música em perfeita lucidez.
Trabalho com ícones
Trabalhar com músicos de renome como Peter Buck, Krist Novoselic e Duff McKagan foi uma realização para Nando, mas com nuances distintas para cada um. Peter Buck, além de gravar as faixas de Uma Estrela Misteriosa, participou ativamente dos arranjos e está presente na turnê, o que o torna uma peça fundamental no projeto. “Ele é uma pessoa maravilhosa, um músico espetacular”, elogia Nando. Já Krist Novoselic e Duff McKagan contribuíram com gravações adicionais feitas em Seattle. Embora em contextos diferentes, a colaboração de todos eles foi descrita como imensa, agregando uma riqueza singular ao álbum.
Mensagens e transformações
Conhecido por composições profundas, Nando Reis prefere não carregar suas músicas com mensagens explícitas. Para ele, seu trabalho autoral é uma forma de organizar pensamentos e expressar sua visão de mundo sem a rigidez de um manifesto. “A música diz muitas coisas. Depende de como você compõe para que ela tenha múltiplos significados”, comenta, destacando que a interpretação das canções varia conforme o público. Sua nova turnê segue essa linha de pluralidade, permitindo que cada ouvinte encontre seu próprio sentido nas letras.
Com 30 canções, das quais 26 são inéditas, o novo projeto de Nando é uma verdadeira antologia que reflete sua essência como artista. O disco, dividido em três partes, oferece uma experiência rica e extensa, que pode ser revisitada várias vezes. Para os fãs mais apaixonados, a versão em box traz um disco bônus, transformando o lançamento em um álbum quádruplo – um marco inédito em sua carreira.
Mesmo sem eleger faixas favoritas, Nando destaca a conexão entre a gravação em estúdio e as performances ao vivo, revelando sua paixão por cada música e pela resposta calorosa do público. Ele descreve o projeto como um autorretrato e uma antologia que transita entre memória, sonho, realidade e utopia. Segundo o artista, sua evolução é menos linear e mais uma série de transformações impulsionadas pelo tempo e pelas experiências. “Acho que me desenvolvi, me transformei e aprimorei meu trabalho como compositor, intérprete e instrumentista. A única linearidade é a passagem do tempo. A experiência e o conhecimento não necessariamente seguem um processo evolutivo; prefiro a palavra transformação”, reflete Nando.
O repertório do novo disco mescla músicas recentes e antigas nunca gravadas, ressaltando a autenticidade e amplitude de sua obra. “Toda expressão artística tem um cunho autobiográfico”, afirma, enfatizando que o álbum é uma coletânea rica de sua jornada artística.
Sobre Nando Reis
Com mais de 40 anos de carreira, Nando Reis é um dos principais compositores da música brasileira. Ex-integrante dos Titãs, já lançou mais de 10 álbuns e vendeu cerca de 6 milhões de cópias. Premiado com 2 Grammys Latinos e 12 indicações, ele continua a se destacar na Música Popular Brasileira, realizando mais de 100 shows por ano.
Nando Reis – “Uma Estrela Misteriosa”
Sexta-feira (13/12), às 21h, no Centro de Convenções Ulysses. Classificação indicativa: 14 anos. Ingressos à venda na Bilheteria Digital.
