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Música

Marisa Monte traz a Brasília espetáculo sinfônico que transforma memória afetiva em novas cores musicais

À frente de uma orquestra com 55 músicos, maestro André Bachur detalha ao Jornal de Brasília como o show Phonica reinventa clássicos da cantora e revela novas camadas sonoras

Tamires Rodrigues

28/11/2025 5h00

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Foto: Divulgação/Cria

Marisa Monte chega a Brasília com o espetáculo Phonica neste sábado (29), no Gramado do Eixo Cultural Ibero-Americano. A turnê, que passou por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, desembarca na capital com a força de um repertório que atravessa gerações e agora ganha dimensão sinfônica. No palco, a artista é acompanhada por sua banda e por uma orquestra formada por 55 músicos sob regência do maestro André Bachur, responsável por traduzir para o universo da música de concerto canções que já fazem parte da alma brasileira.

Em entrevista ao Jornal de Brasília, Bachur explica que o processo de criação dos arranjos exigiu cuidado extremo. “Foi um processo bem cuidadoso, feito ao longo de bastante tempo, escolhendo quais seriam as músicas e qual caminho seguiríamos nessas adaptações”, contou. Ele destaca que um time de arranjadores e arranjadoras trabalhou para alcançar o equilíbrio entre memória afetiva e inovação. “O desafio é transpor canções tão conhecidas para a orquestra sinfônica, mantendo o caráter original, mas revelando novas camadas através das possibilidades de sons e cores que a orquestra traz.”

foto: leoaversa
Foto: Divulgação/Leo Aversa

A dimensão da orquestra também impõe desafios técnicos e artísticos. São dezenas de músicos atuando em absoluta precisão. “Cada mudancinha ou gesto improvisado precisa estar muito preparado para que todos façam ao mesmo tempo. Esse é um dos papéis primordiais do regente: garantir que todo mundo toque junto”, explicou. Só depois disso entra a etapa de colorir as canções. “A gente decide o que destacar, quais momentos pedem liberdade e quais exigem precisão extrema. É um repertório que amadurece ao longo da turnê.”

O maestro reconhece que a música popular brasileira exige outro tipo de escuta e pronúncia musical por parte de uma orquestra tradicional. “Geralmente, quem toca em orquestra não está acostumado a enfrentar o repertório da música popular. Mas reunimos um time com músicos e musicistas que transitam pelos dois universos, o que facilita muito. Isso adianta a performance e permite construir um conteúdo convincente tanto pela precisão quanto pelo balanço.”

foto: leoaversa
Foto: Divulgação/Leo Aversa

A estreia para mais de 25 mil pessoas em Belo Horizonte marcou um encontro incomum entre o formato sinfônico e um público vibrante, barulhento e emocionado. Para o maestro, essa troca tem sido transformadora. “É muito legal sair da sala de concerto e encontrar tanta gente. A plateia canta, grita, se emociona. Isso energiza os músicos e faz muita diferença para nós no palco. Recebemos essa energia e reagimos quase instantaneamente.”

O repertório foi selecionado em conjunto com Marisa e reúne 27 músicas de diferentes fases da carreira, entre elas Vilarejo, Amor I Love You, Beija Eu, Diariamente, Feliz Alegre e Forte, Não Vá Embora e sucessos dos Tribalistas. A inédita Sua Onda, lançada especialmente para a turnê, também integra o setlist. Para Bachur, essa amplitude musical moldou as decisões de direção. “Falar em evolução estética linear é impossível, porque a Marisa transita por muitas vertentes. O show traz um panorama muito rico, e isso nos permitiu usar a orquestra de formas diferentes. Às vezes entra a orquestra inteira, às vezes só as cordas, outras vezes os sopros, os metais ou apenas a banda. Ter essa variedade é muito importante para a curva do espetáculo.”

foto: leoaversa
Foto: Divulgação/Leo Aversa

Com essa estrutura, Phonica chega a Brasília como uma experiência que une amplitude e delicadeza. É um show que respeita o passado da artista, amplia sua potência e apresenta ao público um mosaico sonoro em constante movimento. A cada cidade, o repertório amadurece, a orquestra ganha mais corpo e a comunicação entre palco e plateia se torna mais intensa.

Serviço
Marisa Monte – espetáculo Phonica 

Data: Sábado (29)
Local: Gramado do Eixo Cultural Ibero-Americano
Ingressos em www.ticketsforfun.com.br

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