Já está disponível o novo single do cantor e compositor paulista Eduardo Pastore. A canção intitulada “Hoje”, que é a terceira a ser apresentado do álbum “Terra de Ninguém”, é sobre um acontecimento real da vida de Pastore, o rompimento de uma amizade de longa data. A motivação: o apoio de seu amigo aos atos do 8 de janeiro de 2023, dia das invasões bolsonaristas à sede dos Três Poderes. A música também foi lançada com um lyric vídeo no Youtube.
“Lembro-me de uma cena que é simbólica do que aconteceu naquelas quatro horas de invasão, quando um vândalo esfaqueou a tela consagrada do Di Cavalcanti. Ali entendemos que as invasões não tinham qualquer proposta política. Na verdade, a proposta é a própria destruição. A destruição da democracia, da cultura e da civilização. Fiquei bastante chateado quando descobri que um amigo de longa data apoiou a invasão. Entendi, naquele momento, que não há mais qualquer amizade a ser mantida.”, expliou Eduardo.
Pastore ainda acrescentou: “Creio que reflete uma tristeza, de testemunhar que pessoas conhecidas aderiram à extrema direita. Reflete também um cansaço, dado que não podemos ficar mudos com esse tipo de comportamento. E claro, reflete uma ruptura. Não podemos continuar num diálogo com quem defende a destruição da democracia. Penso, tristemente, que talvez não haja retorno para quem entrou nesse processo de dissonância cognitiva, de viver num mundo paralelo de notícias falsas, e que está se engajando em comunicação e atos violentos. Os remédios para esses atos são a responsabilização pela Lei e aplicação da Justiça.”
A capa de “Hoje” é assinada pelo fotógrafo iraniano Hassan Almasi. A fotografia reflete um homem em frente a um aquário com peixes dourados, se referindo a “Peixe Dourado”, livro onde o autor J. M. G. Le Clézio tem os fluxos migratórios forçados por catástrofes políticas e econômicas como tema, e envolve discriminação, racismo, xenofobia. Para Eduardo Pastore, esse tipo de história permanece no mundo atual. O livro “Peixe Dourado”, segundo Eduardo, ainda é uma esperança de empatia com o próximo.
“E esse ponto é central para entendermos a extrema direita. Na contínua retroalimentação da estética da violência, propagada diariamente em suas bolhas e redes sociais, se elimina a capacidade de alguém ser empático com quem é de fora, para além da própria tribo. Essa estética precede e sustenta um conjunto de valores de uma cultura de ódio, em que se justifica o racismo estrutural, a misoginia, a transfobia e a xenofobia. A cultura da bala. O etos do capitalismo de devastação, seja do meio ambiente, seja das instituições democráticas.”, disse Eduardo.
Por fim, vale dizer que o nome da canção, produzida por One Produtora e composta por Eduardo, se refere exatamente ao dia das invasões. “Me refiro ao 8 de janeiro de 2023, um dia que deve ser lembrado para sempre na história do Brasil. Nesse dia que vi o amigo apoiando a barbárie” enfatizou o artista.
Siga Eduardo Pastore
Instagram – Facebook – Youtube – Spotify