O grupo brasiliense Quem Dera lança, nesta sexta-feira (10), um trabalho audiovisual gravado nos estúdios da rádio carioca FM O Dia, uma das mais ouvidas no Brasil no segmento de samba e pagode. O projeto, que será lançado no quadro Crias da Pagodeira, do canal Pagodeira (FM o Dia), vai marcar os três anos do grupo, que é formado por Jeffin, Pelé, Negueba e Lucas.
O Quem Dera é o primeiro grupo do Distrito Federal a gravar no canal Pagodeira — antes, o artista Milsinho também já havia marcado presença nos estúdios da FM o Dia. O audiovisual contou com os músicos de apoio Boró (bateria), Dielson (contrabaixo), Luciano Barbosa (flauta), Pikachu (violão), Feijão (cavaco) e Marcelo (teclado). O repertório do audiovisual “vai ser pedrada”, promete Lucas. “Lá vem bomba!”, conta, aos risos.
Em entrevista para o Jornal de Brasília, eles revelam a sensação de gravar na FM o Dia e fazer show no Rio de Janeiro. Os membros também relembram como se juntaram e comentam sobre futuros projetos. Confira:
Como o Quem Dera nasceu?
Jeffin: O Quem Dera ia nascer antes da pandemia de covid-19, mas infelizmente fomos atrapalhados e tivemos que adiar. Eu e meu irmão nos juntamos e formamos o grupo, que já está na terceira formação. O Pelé e o Lucas, que estão com a gente agora, eram nossos músicos, mas tudo quanto é compromisso eles estavam lá com a gente, mesmo sem ter a obrigação. Então passamos por uma reestruturação e convidamos os dois para entrarem. Agora o grupo tá aí!
A rádio FM o Dia é uma das mais ouvidas do segmento. Qual a sensação de poder lançar um audiovisual gravado por eles?
Jeffin: É inexplicável. Eu sempre coloco Deus em primeiro lugar na minha vida, e pisar lá naquela rádio, com todo esforço e luta, foi graças a Deus. É surreal pisar no mesmo local onde passaram os artistas que amamos ouvir, parece um sonho. Mas também é uma responsabilidade muito grande, um peso enorme, já que não é qualquer um que vai lá e não é de qualquer jeito. Mas graças a Deus, agora temos a nossa marca lá.
Pelé: A gente não chegou de qualquer jeito. E é um lugar que, querendo ou não, todo músico do ramo quer pisar, nem que seja só pra ir e assistir algo, só pra conhecer. É uma adição considerável para o nosso currículo. Lá já passaram Thiaguinho, Tiee, Rodriguinho, entre outros. Eu até brinquei com o Lucas, falando: “Irmão, eu vou chorar… a gente vai chorar”. E de fato teve uma hora na gravação que ele tava agradecendo e eu já pensei: “É, a lágrima vai descer aqui”. Olhei para cima, respirei e segui, e graças a Deus o trabalho foi executado da maneira que esperávamos.
Lucas: Todo bom pagodeiro escuta a FM O Dia, não tem como negar isso. Chegar lá foi bem complicado, mas fizemos um bom trabalho. Nada foi em vão, tivemos todo um trabalho, estudo, separar repertório… você vai ouvir, né?!
Quais músicas não puderam faltar na gravação e por que?
Jeffin: Infelizmente a gente tem que limitar o repertório, mas se tivesse uma semana de show, ainda iria faltar música. Mas o que não podia faltar mesmo, era Exaltasamba, Thiaguinho, Belo, Revelação, BokaLoka… Mas já adianto: fizemos algo inovador. Tocamos músicas que geralmente não tocamos nos nossos shows e que sempre fomos a fim de tocar. A gente tinha que fazer algo diferente e procuramos ser diferentes. A galera vai curtir.
Pelé: Escolhemos músicas que crescemos ouvindo, um repertório que a gente gosta. Tentamos trabalhar em cima disso.
Lucas: Não deu tempo de levar nosso trabalho autoral que está vindo aí, mas em questão de repertório, vai ser pedrada. Lá vem bomba! (risos)
Jeffin: São nossas referências. Então, alô galera! Por :favor se liguem no repertório que está perfeito.
Além do audiovisual, vocês fizeram shows no Rio. Como foi se apresentar em terras cariocas?
Jeffin: Nos apresentamos no Bar do Zeca Pagodinho, na Prainha da Vila da Penha, que é muito conhecida no Rio. Tocamos com artistas como Diney, Caju pra Baixo e a Turma do Pagode, que é de São Paulo, mas também estava por lá. Pra gente foi algo incrível, surreal. Olha, não é pra qualquer um não.
Pelé: Eu confesso que eu tive que tomar um Danone (cerveja), senão não iria conseguir subir no palco.
Qual a opinião de vocês sobre a cena do pagode de Brasília?
Lucas: Eu acho que a música no geral não é abraçada em Brasília. Isso é muito ruim pra todo mundo, seja no sertanejo, no pagode, na MPB… dá pra ver que artistas locais saem daqui, onde o público não quer pagar R$ 15 pra ver o show, e quando volta, cobra R$ 300 e a galera paga. É complicado. Música em Brasília é f***.
Pelé: É bem individual, né?! A gente não vem ninguém sentando com ninguém pra fazer projeto junto, trabalhar junto. Não digo que um passa a perna no outro, mas é cada um lutando por si mesmo. Cada um tem que fazer o seu e brigar por si, não dá pra depender de parcerias.
Lucas: A gente usa ferramentas iguais, que é o pagode, mas por caminhos diferentes. Trabalhamos do jeito que conseguimos proporcionar alegria pro público, e o que tiver que vir, vai acontecer. Estamos aí pra trabalhar sem querer tomar o espaço de ninguém, inclusive gostaríamos de trabalhar com outras bandas, com a galera da música.
E os projetos para o futuro?
Negueba: Primeiro vamos lançar nosso projeto autoral, como o Lucas falou. Depois, vamos explorar ao máximo o audiovisual no canal Pagodeira. Queremos mostrar que existe o Quem Dera, que não somos apenas um grupo que repete o que outros fazem. Não viemos para seguir uma mesma linha, nós somos de uma vertente diferente, tocamos o que a gente gosta e o que o público gosta ao mesmo tempo.