Comemorando 50 anos de carreira, o cantor e compositor Fagner lança seu novo álbum de inéditas. “Além Desse Futuro” é o 38º álbum de sua discografia, disponibilizado nas plataformas digitais na última sexta (2/8). O novo projeto do artista cearense chega exatos dez anos após seu último álbum de inéditas, “Pássaros Urbanos”, de 2014. Em entrevista ao JBr, o cantor falou sobre sua ligação especial com Brasília e prometeu se apresentar na cidade ainda este ano.
Dono de clássicos como “Borbulhas de Amor”, “Espumas ao Vento”, “Canteiros” e “Asa Branca” , Raimundo Fagner Cândido Lopes, mais conhecido como Fagner, é um grande expoente da Música Popular Brasileira. Ele lançou sua carreira em 1970, mesmo ano em que se mudou para a capital Federal. “Minha vida sempre foi muito ligada a Brasília. Meus amigos todos da Universidade de Brasília (UnB). O festival do Centro Estudantil da Universidade de Brasília (CEUB) foi o que me projetou mesmo. É uma oportunidade de fazer um agradecimento ao público que sempre esteve comigo”, declara o músico.
Aos 74 anos de idade, Fagner ainda está cheio de energia e explica que este é um momento muito especial em sua carreira. O novo álbum conta com 8 faixas de músicas inéditas, parcerias e a regravação do clássico “Onde Deus Possa me Ouvir”, de Vander Lee. “Essa era uma dívida que tinha com o Vander Lee. Quando ouvi as primeiras músicas dele, em especial essa, eu fiquei muito sensibilizado. Cantei essa música em um show em Fortaleza e foi a que mais teve repercussão, tive de cantar novamente e fazer um bis. Então, prometi que a gravaria”, recorda-se.
A faixa-título, “Além Desse Futuro” foi composta por Fagner em parceria com o poeta cearense Fausto Nilo, letrista recorrente na discografia do artista. Nos versos da canção, o cantor já revela seu característico cancioneiro romântico, em que passeia, com desenvoltura, pelo Brasil urbano e sertanejo. “Tenho de fazer uma menção ao meu amigo Fausto Nilo, que também foi professor da UnB e meu parceiro há 50 anos. Um dos grandes poetas da música brasileira, e certamente fazer essa canção com ele é uma homenagem aos outros parceiros”.
O novo disco conta, ainda, com diversas outras parcerias, como Zeca Baleiro, Caio Sílvio, Toninho Geraes, Jorge Vercilo, entre outros. Segundo Fagner, o disco é bem variado. “As músicas vão de uma poesia mais apurada, como é o caso do Fausto e do Baleiro, meu parceirão, e chega em uma música como o Toninho, que tem uma pegada mais povão. Com o Vercilo, é uma canção no meio de mais uma juventude. Acho que tem poesia dentro da minha história e as músicas contemplam alguns segmentos”, explica.

“Já tem praticamente um ano que estamos guardando esse álbum para fazer esse lançamento agora. De certa forma, fica uma homenagem a todos os parceiros que estiveram comigo ao longo desses 50 anos de carreira. Temos feito alusão ao que a gente faz ao longo dos anos, o cuidado com a poesia e com a palavra, nisso que a gente se inspira”.
Ao citar suas referências na carreira, o cearense deixa sua homenagem ao músico, compositor, instrumentista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Clodo Ferreira, autor do clássico “Revelação”, e que morreu em 16 de julho de 2024. “Ele virou a ficha na minha história. Queria fazer uma homenagem ao nosso querido Clodo e fiquei com a dívida de gravar com ele”.
A pandemia de COVID-19 também foi cenário para uma composição inédita, “Besta Fera”, parceria com Erasmo Dibel e Zeca Baleiro. “A pandemia veio como uma besta fera para destruir, muita gente ficou no meio do caminho. Nós também ficamos sem poder nos mexer e sair, e aí muita coisa criativa aconteceu. Neste aspecto de criatividade e trabalhar sem poder sair do lugar, compor foi muito importante”, desabafa.
A parceria de longa data com Zeca Baleiro rendeu ainda “Noites do Leblon”, cantada pela primeira vez em Brasília. “A gente fez a música alguns dias antes, ensaiamos no camarim e lançamos”, conta Fagner.
Com uma letra emocionante, a canção “Filho Meu” cinta com a parceria de Caio Sílvio. “É uma música muito emocionante. Durante a gravação, tivemos que segurar o maestro que ficava o tempo todo chorando. É uma música em homenagem ao meu filho, que está completando 50 anos. Tem uma letra forte, porque também é uma música de reflexão”, pontua.
Ao público fiel e aos parceiros na música, Fagner transborda gratidão por suas cinco décadas de carreira. “A esse público que me acolhe há tanto tempo, a todos os artistas que eu mais gravei, até as novas gerações e estilos diferentes, agradeço e dedico esse momento a todos que sempre estiveram com as portas abertas para mim. Eu tenho o melhor público do mundo, não tenho inveja de nenhum artista. Tirando o Pelé e o Roberto Carlos, que são os reis, mas nem deles eu tenho inveja. Tenho é orgulho do meu público, que é emotivo, sensível, fortalece-me e me motiva. Só quero agradecer por essa história que eles me ajudaram a construir”, finaliza.