Menu
Música

A viola caipira como cronista da cultura popular

A apresentação será às 19h30, no Auditório Tom Jobim, na LBV (916 Sul), com ingressos a R$ 40 e 2 kg de alimentos

Camila Coimbra

29/07/2025 5h00

Atualizada 28/07/2025 21h56

0a9f4629 794c 43d1 a57c 0203eceff43d

Ivan Vilela. – Foto: Material cedido ao jornal

A música caipira toma conta da cena cultural de Brasília nesta terça-feira (29), com a aula-espetáculo de Ivan Vilela, violeiro, compositor e pesquisador reconhecido nacionalmente. O artista apresenta o show que marca o lançamento do livro História e Cultura no Som da Viola – Ensaios e Relatos sobre Cultura Popular, fruto de seu trabalho de livre-docência, em um evento que une música e reflexão histórica. A apresentação será às 19h30, no Auditório Tom Jobim, na LBV (916 Sul), com ingressos a R$ 40 e 2 kg de alimentos.

Mineiro de nascimento e radicado em São Paulo há anos, Vilela construiu uma carreira de mais de quatro décadas, dedicadas à valorização da viola caipira e de sua inserção na cultura popular. Durante a apresentação, o artista mescla composições autorais, arranjos de clássicos da música brasileira e temas inéditos, costurando as canções com relatos históricos sobre o instrumento e seu papel como símbolo cultural. “Será uma aula-espetáculo na qual, enquanto toco, trago aspectos históricos da viola e da cultura popular. Esse livro é fruto de três anos de pesquisa em Portugal, de 2018 a 2021, a convite da Universidade de Aveiro, onde estudei os trânsitos e as relações sociais da viola pelo Atlântico. Trata-se de um instrumento com mais de 800 anos, originário da Idade Média, mas que se mantém vivo e moderno nas mãos de jovens, músicos populares, eruditos e até roqueiros”, explica.

A obra de Vilela traça um panorama da presença da viola no Brasil desde o fim do século 16, refletindo sobre a sua ligação com a construção das identidades populares. “O miolo da obra busca compreender como a viola se portou como uma espécie de cronista da nossa história cultural, acompanhando os momentos mais significativos da cultura popular no Brasil e em Portugal”, destaca.

fbfa8c74 adc8 4b50 b7d2 44fdcccd8dfb
Ivan Vilela. – Foto: Material cedido ao jornal

Com 20 discos gravados, o violeiro acredita que o aprendizado é mais profundo quando se conecta à música. “Quando o conhecimento vem acompanhado da música, ele se fixa mais nas pessoas. É como se a arte ajudasse a preparar o caminho para o aprendizado, tornando a experiência mais intensa”, diz o professor da Universidade de São Paulo (USP), onde leciona há mais de 20 anos.

Vilela já gravou arranjos para Beatles, Chico Buarque, Milton Nascimento, Almir Sater e João Carreiro, além de trabalhos com orquestras. Para este semestre, prepara dois novos álbuns, sendo um solo. O último projeto foi gravado na Espanha, em 2022, ao lado de um saxofonista galego. Com uma técnica própria que explora individualmente as dez cordas da viola, ele ampliou as possibilidades harmônicas e orquestrais do instrumento, gravando discos apenas com arranjos que unem solos e acompanhamentos.

A expectativa para o show em Brasília é de reencontro com um público fiel. “Brasília sempre me recebeu bem, mas nunca trabalhei aqui de forma ostensiva. Meu território é o da viola, instrumento que venho defendendo como algo vivo e capaz de transitar por qualquer gênero musical, sem amarras ou preconceitos”, comenta.

Ao longo de 44 anos de carreira, Vilela conquistou prêmios como o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o Prêmio Sharp e reconhecimentos da Funarte. Para ele, a história da viola é também a história do povo brasileiro. “A história da viola é também a história das pessoas que sempre estiveram à margem, mas que produziram a cultura mais genuína do nosso país”, conclui.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado