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Viva

Mulheres aventureiras do Cirque du Soleil

Arquivo Geral

08/03/2012 8h42

Camilla Sanches
camilla.sanches@jornaldebrasilia.com.br

Michael Melo

Elas escolheram viver sem parada. Longe da família. Conhecer vários lugares, viajar para países diferentes, não ter residência fixa. Morar sob uma tenda, itinerantes. Nada melhor que um circo, uma carreira viajante, para realizar essas aventuras. Mas será que só há benefícios nessa jornada por lugares incertos? Para saber como é o cotidiano dessas mulheres, a equipe do Jornal de Brasília foi conhecer algumas das homenageadas neste 8 de março, no Cirque du Soleil, em cartaz no estacionamento do ParkShopping, até o próximo dia 18 com o espetáculo Varekai.

 

Há sete anos com a trupe, a fisioterapeuta Tracy Guy, 43 anos, trabalha na  prevenção de lesões e entra em cena, atrás da coxia, sempre que algum artista  se contorce, para   os primeiros socorros. “O objetivo é evitar que se lesionem, mas também trabalhamos na recuperação.”

 

Na rotina, ela lida com lesões por atividades repetitivas, na maioria. “Ao contrário dos esportes, em que os atletas têm folgas e tempo entre as competições, aqui os artistas não têm férias, repetem os atos todos os dias”, observa. Os problemas mais corriqueiros são nas costas, pelo esforço na maioria das atividades. Australiana, Tracy é solteira e não tem filhos, mas deixou para trás familiares e amigos. “Minha residência é o circo. É difícil ficar longe, todos têm saudade de casa e da família”, diz. Para suprir as ausências, ela procura voltar ao país de origem, uma vez ao ano, ou trazer os parentes para passarem uns dias com ela.

 

Há quase quatro anos com a companhia canadense, a professora Caroline Roy ingressou pela oportunidade de viajar e conhecer o mundo. “Sinto falta da família,  mas me acostumei. Não é diferente do que eu fazia antes”, conta ela, que lecionou alguns anos em países asiáticos. Ela diz que alguns dos fatores mais difíceis são a mudança de cidades, falar línguas diferentes e se acostumar com a comida e a cultura de cada local. “Mas nada que faça minha rotina ser impossível”, garante.

Lugares novos

 

A técnica Jo Evans pensa da mesma forma. “Conhecer lugares novos e viajar de graça, como não gostar?”, compara. Ela não pensava em viajar, queria apenas trabalhar por mais tempo num mesmo emprego. As viagens vieram como bônus. “Nas férias, alugo uma casa, para cozinhar, lavar louça, fazer tarefas do lar, trabalhos rotineiros”, conta. Jo tem namorado, também do circo, há três anos.

 

A mãe mora na Austrália e a irmã na Inglaterra. Elas encurtam a distância se falando pela internet, toda semana. “Eu morava na mesma cidade da minha mãe. Foi um sacrifício deixá-la por conta da idade dela, mas não foi muito sacrificante, não”, confessa entre risos.

 

Já a trapezista finlandesa Kadja Korstrom, 30 anos, diz que o mais difícil foi sair de casa cedo e deixar o irmão, na época, com quatro anos. Ela está no Cirque du Soleil há sete meses, mas a primeira vez que deixou a família, para estudar arte circense na Suíça, foi aos dez anos. “Não é fácil achar marido em turnê”, brinca. “A chance mais próxima é alguém do trabalho. Não sei se o difícil é ficar solteira ou a rotina.”

 

No geral, a artista gosta da vida que leva, mas não pensa em viver longe da família para sempre. “Adorei conhecer o Brasil, sobretudo pelas frutas deliciosas”, elogia a fã de tapioca. Ela treina uma hora diariamente, quando tem dois shows, e entre duas e três horas, nos dias de uma apresentação. Nas folgas – geralmente às segundas-feiras – gosta de nadar, fazer caminhadas, visitar parques. Quando cansada, toma um café para despertar e vai para a rua, de preferência em ambientes onde possa ter contato com a natureza. Kadja também é fã de baladas. No Brasil, foi a uma festa, onde dançou de tudo. “No dia seguinte, minhas pernas doíam mais que durante os ensaios”, festeja.

 

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