Depois de passar por São Paulo e Rio de Janeiro, é a vez do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB) receber a exposição “Um olhar sobre o Brasil – A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, de 20 de agosto a 20 de outubro. A mostra traz 300 imagens de acervos públicos e coleções particulares, que foram reunidas para contar 170 anos da história nacional (1833-2003), e conta com curadoria de Boris Kossoy e Lilia Schwarcz, patrocínio do Grupo Segurador Mapfre, realização da Fundación Mapfre e CCBB e organização do Instituto Tomie Ohtake.
“Procurou-se reunir, nesta exposição um conjunto que documenta aspectos expressivos de fatos sociais, políticos, culturais, religiosos, científicos, artísticos, entre tantos outros fios que tecem a trama histórica de uma nação. A reflexão acerca das conexões mais profundas desses fatos, apenas sugeridos pelas imagens em sua forma ambígua e sedutora, foi o objetivo que procuramos alcançar”, afirma o curador Boris Kossoy, professor titular da USP e especialista em história da fotografia. O trabalho de pesquisa, que conta com a curadoria adjunta da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, levou quatro anos para ser concluído.
A mostra, com cenografia assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, percorre caminhos de luz e sombra, costurando história e iconografia. A exposição toma como ponto de partida omomento próprio de invenção da técnica fotográfica pelo franco-brasileiro Hércules Florence, em 1833 e revisita o olhar “científico” que guiava as expedições estrangeiras. As imagens expõem desde o gosto de D. Pedro II pelo novo suporte e os registros de revoltas populares como a de Canudos até a grande multiplicação de temas, ângulos, acontecimentos e reviravoltas que compuseram o longo século 20.
Cada imagem é acompanhada de uma “microhistória”, um texto que resgata o contexto político-social em que ela está inserida. Esse diferencial é consequência da ampla pesquisa realizada para a mostra, tantoreferencial quanto iconográfica (essa última assinada por Vladimir Sacchetta). “O desafio na síntese de imagens e textos foi valorizar o simbólico, tentar evitar a redundância, destacar o anônimo e o cotidiano naquilo que têm de aparente e oculto, rever criticamente as imagens conhecidas e ideologicamente comprometidas com as histórias oficiais”, comenta Kossoy.
Para organizar o grande número de imagens, a curadoria estruturou o material a partir de quatro grandes eixostemáticos: política, sociedade, cultura/artes e cenários. Ao mesmo tempo, os 170 anos foram divididos em sete períodos, demarcados por fatos marcantes da história nacional. São eles: Luzes sobre o Império (1833–1889); Urbanidade, conflitos, modernidade (1889–1930); Ideologias, revoluções, nacionalismos (1930–1937); Autoritarismo, repressão, resistência (1937–1945); Industrialização, desenvolvimento, anos dourados (1945–1964); Tempos Sombrios (1964–1985) e O reacender das luzes (1985–2003). Um conjunto de fotografias e microhistórias que se articulam visando à construção da imagem da nação.
“Tal opção resultou numa maior clareza na disposição das imagens e seus respectivos textos, que estão além do padrão da ‘legenda’ tradicional, geralmente mais focada numa breve descrição do aparente e menos na contextualização de dados e fatos inscritos e circunscritos aos limites do retângulo fotográfico”, observa o curador.
De acordo com Kossoy, o desafio desta empreitada residiu em reunir um corpus documental que pudesse conduzir o espectador através dos caminhos de luzes e sombras que permeiam a história do Brasil; um percurso iconográfico e histórico regido segundo um determinado olhar que, no seu conjunto, produzisse sentido. “Trata-se de um olhar sobre o Brasil, como, obviamente, existem muitos outros olhares, outras imagens e outras leituras”, ressalta
Serviço:
De 20 de agosto a 20 de outubro de 2013
Local: Galerias II e III
Entrada franca
Classificação indicativa: livre
