Andréia Castro
Especial para o Jornal de Brasília
De julho a setembro, praças e gramados do Distrito Federal recebem o projeto Rua Cinema Nosso, mostra de cinema gratuita que percorrerá 11 regiões administrativas do DF. O intuito da série, que estreia hoje no Plano Piloto, é democratizar a sétima arte apresentando a produção local de filmes para aqueles que ainda não contam com circuitos alternativos e nem mesmo salas de cinema.
São 44 filmes divididos em ficção, documentário e animação, curtas e longas-metragens de cineastas brasilienses experientes como Vladimir Carvalho, João Lanari e Nelson Pereira dos Santos. Eles dividem espaço com jovens talentos como Danyella Proença e Adirley Queirós. A mostra tem o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e será exibida toda quinta-feira, às 19h.
“Nossa motivação é baseada na precária situação em que Brasília se encontra. A cidade é o 4º polo de produção de cinema nacional e, infelizmente, não temos onde passar os filmes. Somos refém do Festival de Cinema de Brasília”, desabafa idealizador do projeto, Alan Schvarsberg, do Coletivo Muruá.
Num total de 12 sessões ao ar livre, a mostra utilizará espaços públicos centrais e em horários de pico, o que dificulta a estimativa do número de espectadores. Haverá certamente além do público sentado, perfis transeuntes e dispersos, “relembrando os cinemas voadores – tradição nostálgica que o Rua Cinema Nosso pretende resgatar”, explica o cineasta Alex Vidigal, que participa com o filme infantil O Filho do Vizinho.
A exibição de hoje será na Praça das Fontes, que fica entre o Conjunto Nacional e o Teatro Nacional – local de trânsito diário de milhares de pessoas e ao mesmo tempo de pouco uso cultural. Já a última exibição será no dia 27 de setembro, na Praça do Relógio, em Taguatinga.
“Popularizar o cinema brasiliense é uma proposta mais do que interessante, já que a capital é dominada por Hollywood e apresenta pouquíssimas opções de filmes nascidos aqui”, opina o cineasta André Carvalheira, que dirigiu um dos filmes que abre a mostra – A Dança da Espera.
Espaços de exibição
Para Schvarsberg, “existe uma produção pulsante na capital desde a década de 1960 e não existem lugares para mostrá-los”, reclama. O festival disponibilizará cerca de 200 cadeiras, projeção e som em alta definição, e convida o espectador a trazer seu banquinho, cadeira de praia ou canga para as exibições.
Fazem parte da mostra as regiões do Plano-Piloto, Ceilândia, Gama, Estrutural, Vila Telebrasília, Itapoã, Sobradinho I, Paranoá, Taguatinga, Planaltina, São Sebastião e Varjão. “Temos uma série de praças em degradação nessas regiões e escolhemos algumas para passar os filmes do Rua Cinema Nosso justamente para dar uma cutucada nos administradores. Queremos mostrar que não é tão difícil passar cinema para quem quer ver e não tem como”, finaliza Schvarsberg.
Para muitos brasilienses, será a primeira vez que assistirão a um filme feito no DF. Será também uma oportunidade para que o morador se reconheça e veja a sua história na telona.
PROGRAMAÇÃO
Plano Piloto – Hoje, na Praça em frente ao Conjunto Nacional – Programa Fala Brasília.
Ceilândia – 12 de julho. Em frente ao Restaurante Comunitário (Ceilândia Centro) – Programa A Grande Feira.
Paranoá – 19 de julho. Na Praça do Coreto. – Programa Pequeno Dicionário Amoroso.
Varjão – 26 de julho. Na Praça em frente a Escola Classe Varjão – Programa E o mundo se diverte.
As sessões acontecem sempre às 19h. Confira a programação completa no site: ruacinemanosso.org Classificação livre.