Da Redação
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Como funciona a relação entre política e economia com arte e cultura? A resposta para essa pergunta será um dos principais temas apresentados pela exposição 200 x 200 – Duzentos anos das Independências em Duzentos Retratos de Escritores, que começa nesta terça-feira (03) e vai até 31 de julho no Mezanino do Museu da República (Esplanada dos Ministérios).
O evento, um esforço conjunto do Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (Flaac) com o Instituto Cervantes, o Museu Nacional da República e a Secretaria-Geral Ibero Americana (Segib), é uma celebração dos 200 anos de independência dos reinos espanhóis e servirá para apresentar ao público o trabalho do fotógrafo argentino Daniel Mordzinski, por meio de fotografias de escritores íbero-latino-americanos, entre eles Gabriel García Marquez, Jorge Amado e Mario Vargas Llosa.
Para Zulu Araújo, coordenador-geral do Flaac 2012 e diretor da Casa da Cultura da América Latina, o evento é uma excelente oportunidade de discutir e refletir sobre a história recente da América Latina. No passado vários de seus países foram governados por regimes ditatoriais e, hoje, eles vivem um período de relativa estabilidade política com governos democráticos de esquerda. “Isso, obviamente, traz mudanças não só para a economia, mas também para a expressão artística e cultural da sociedade”, explica o coordenador.
Essa discussão será enriquecida por debate a ser realizado na abertura do evento, que contará com a presença do fotógrafo Daniel Mordzinski e participação da escritora cubana Wendy Guerra e do autor colombiano Santiago Gamboa – cujos livros já foram traduzidos para vários idiomas, incluindo o português. Gamboa é considerado um dos maiores nomes da literatura colombiana de sua geração.
Também participará da conversa Antônio Miranda, primeiro diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, membro da Academia de Letras do Distrito Federal e colaborador de revistas e suplementos literários no Brasil, Argentina e Venezuela. “O debate será aberto ao público e irá abordar, além de temas relativos à literatura íbero-americana e seus escritores, a questão da posição singular do Brasil como País latino-americano e a dificuldade de diálogo com seus vizinhos”, afirma Zulu Araújo.
Para Wendy Guerra, escritora que também é tema das fotos de Mordzinski, a importância de celebrar o trabalho do fotógrafo neste evento está no registro do rosto e dos gestos dos escritores, que permite eternizar uma determinada época de suas vidas e trabalhos, além do “reencontro e homenagem a Daniel, pela memória ótica da literatura que nos agrada ler, escrever e viver”.
Wendy, que se auto-intitula uma ex-“Xuxa cubana” por já ter apresentado programas infantis na TV, é muito respeitada e lida em diversos países, mas não em Cuba, onde, devido ao severo regime político, permanece não publicada. “É algo muito duro e muito triste não poder dividir meu trabalho com meus conterrâneos, principalmente em Cuba, onde política e arte estão tão próximas e há tanto para se explorar”, lamenta a escritora.