Camilla Sanches
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O teatro de bonecos é uma forma de expressão artística milenar. A origem teria sido no Antigo Oriente, em países como a China, Índia e Indonésia. Os mercadores trataram de dispersá-lo para a Europa, onde chegou a ser usado, durante a Idade Média, como instrumento de evangelização.
A prática poderá ser conhecida a partir de amanhã e até o próximo domingo, durante a Mostra Internacional de Teatro de Bonecos, evento que integra o Festival Latino Americano e Africano de Arte e Cultura da Universidade de Brasília (Flaac 2012). Numa parceira entre o Instituto Cervantes, o Sesc Garagem e o Instituto de Artes da UnB, a mostra conta com atividades totalmente gratuitas, sempre com classificação livre.
A programação inclui apresentações de espetáculos teatrais do Chile, Colômbia, Espanha, São Tomé e Príncipe e do Brasil – com grupos do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul –, além da exposição Museu Itinerante de Bonecos, que ocupa os três lugares onde a mostra acontece, o Instituto Cervantes (707/907 Sul), o Instituto de Artes da UnB e o Sesc Garagem (913 Sul).
“O teatro de bonecos é tão antigo quanto o ser humano, eu costumo dizer. Tanto quanto o teatro tradicional, a música e qualquer outra arte”, diz Izabela Brochado, uma das curadoras da mostra, ao lado da professora Kaise Helena Ribeiro, ambas da UnB. “As diferentes manifestações artísticas acompanham o ser humano desde o início das suas formas de expressão e as encenações com bonecos continuam presentes nos dias de hoje”, completa.
Segundo ela, as companhias que foram selecionadas estão no mercado há muitos anos e são representantes importantes do gênero. Os espetáculos são direcionados para diversos públicos, desde o infantil até o adulto.
Montagens e debates
Um exemplo é a peça O Velho Lobo do Mar, da Trip Teatro de Animação, do Rio Grande do Sul. “É um marujo perdido em alguma ilha Oceano Atlântico, passando por uma série de aventuras, como a busca por alimento, os tesouros perdidos, a amizade com seres que ele encontra pela região, como os peixes e as baleias”, antecipa o ator e diretor Willian Sieverdt.
A montagem existe há 15 anos e é a mais antiga do repertório do grupo. Já foi apresentada em todos os estados brasileiros e outros 12 países. “Ela é totalmente visual. Não tem textos ou falas”, diz Sieverdt.
Além das apresentações, o teatro com bonecos será tema de debates. “A ideia é fazer uma amostragem sobre este tipo de linguagem e discutir sobre o que está acontecendo na América Latina e no mundo no que diz respeito a esta arte”, explica Izabela.
Os artistas que trabalham com teatro de bonecos na cidade e o público geral terão a oportunidade de participar de debates e oficinas.
Nesta quinta-feira, a partir das 15h, a professora Kaise vai mediar uma mesa redonda que pretende discutir aspectos de diversidade e identidade do fazer teatro com bonecos. “O que nos une e o nos diferencia? Esta é apenas uma das questões que vamos levantar”, adianta ela.