A franquia “M3GAN” retorna com sua sequência, “M3GAN 2.0”, um thriller de ação que aprofunda a questão da inteligência artificial. Ao contrário do primeiro filme, que misturava terror e sátira, a nova entrega adota uma abordagem mais cautelosa e excessiva, tentando transmitir um “comentário importante” sobre a IA. O que era bizarro e divertido se torna previsível, refletindo as preocupações contemporâneas sobre tecnologia, mas sem a ousadia do original.
A boneca, ressurgida das cinzas, deixa de ser uma ameaça demoníaca para assumir o papel de heroína, de maneira forçada. Em um mundo cada vez mais dominado por IA, ela perde a irreverência e adquire uma voz mais humana, mas sem o brilho de antes. AMELIA, seu antagonista, surge como uma criação sombria e sóbria, refletindo os temores sobre o controle militar da tecnologia.
A premissa do confronto entre as duas poderia ter gerado uma dinâmica mais interessante, mas as personagens carecem de complexidade. AMELIA, com sua aparência quase humana e comportamento rígido, acaba sendo uma ameaça simplista, enquanto a protagonista tenta se afirmar como salvadora, mas sem os momentos marcantes do primeiro filme. O foco no drama sério falha em capturar a essência que tornou o original cativante.

Em muitos aspectos, “M3GAN 2.0” se perde nas suas próprias intenções. O filme tenta ser um comentário sobre a IA, mas o faz de forma superficial. Ao tratar das implicações mais sérias da tecnologia de maneira direta e didática, ele deixa de explorar as questões éticas e filosóficas envolvidas.
Allison Williams, que retorna como Gemma, também não escapa da queda de intensidade. Sua luta interna, ao tentar se redimir após a destruição de sua criação, acaba sendo forçada. Embora pressionada a recriar a androide para combater AMELIA, ela se torna uma espectadora na história, sem desenvolvimento significativo.
A reconstituição da boneca, com efeitos visuais aprimorados, já não impressiona como antes. A atuação de Amie Donald e a voz de Jenna Davis tentam manter a essência da personagem, mas ela perde seu poder de cativar. Comparada a AMELIA, com seu visual glamouroso, a protagonista parece sem graça. AMELIA, tentando dominar o mundo, se torna mais caricata do que ameaçadora.

Em “M3GAN 2.0”, o filme tenta expandir os limites da franquia, propondo uma crítica sobre o controle tecnológico e as falhas da IA. No entanto, suas tentativas são superficiais, tratando a tecnologia como uma ameaça simplista sem explorar as complexidades que ela implica.
Conclusão
Ao final, o filme se entrega a uma fórmula previsível, trocando o humor negro e a sátira do original por uma crítica mais direta, mas sem profundidade. Mais longo e ambicioso, “M3GAN 2.0” perde o encantamento que fez o primeiro filme se destacar. Para os fãs da franquia, é uma continuação que pode decepcionar, já que tenta ser mais do que realmente é: um filme de terror e ação envolvente. Resta torcer para que a próxima sequência retome o tom irreverente e criativo que fez a personagem única no universo cinematográfico.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Gerard Johnstone;
Roteiro: Gerard Johnstone e Akela Cooper;
Elenco: Allison Williams, Violet McGraw, Ivanna Sakhno, Jemaine Clement, Amie Donald (voz de M3GAN);
Gênero: Terror;
Duração: 119  minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z