Entre os dias 07 e 16, a CAIXA Cultural Brasília apresenta o espetáculo “Ausência”. A peça, com o ator Luís Melo, narra o momento em que um asteróide está prestes a colidir com a Terra. Em um cenário futurista, o monólogo explora questões como a condição humana, a solidão e o caos na sociedade. O espetáculo é a oitava montagem realizada pela Cia Dos à Deux, criada na França em 1997 pelos brasileiros Artur Ribeiro e André Curti.
Dois anos depois de trazer ao país o premiado espetáculo Fragmentos do Desejo, vencedor do Prêmio Shell de 2010 na categoria especial, a companhia franco-brasileira Dos à Deux está de volta, desta vez para fincar raízes. O espetáculo é o primeiro que teve estreia mundial no Brasil, em setembro deste ano no Rio de Janeiro. Com patrocínio da Caixa Cultural, o espetáculo realiza curta temporada em Brasília. Depois, atravessa o Atlântico para temporadas em Paris e em mais três cidades francesas, entre janeiro e fevereiro de 2013.
Ao desenvolver o trabalho, André e Artur se depararam com um artigo em uma revista científica que alimentou ainda mais suas ideias: o assunto tratava do asteróide Apophis, descoberto em 2004 e que passará próximo a Terra pela primeira vez em 2029. As piores previsões são, no entanto, para o seu retorno, quando aconteceria uma possível colisão com o nosso planeta no ano de 2036, mais precisamente no dia 4 de abril. É neste dia que se desenrola toda a ação de Ausência.
“A notícia de uma possível catástrofe nos trouxe questões que há muito pensávamos em abordar no palco. Foi um ponto importante para iniciarmos uma viagem pela condição humana, para tratar da solidão e do caos no mundo”, esclarece Artur.
Em uma Nova Iorque decadente e arrasada pela radioatividade, pelo racionamento de energia elétrica e, sobretudo, pela falta de água, o protagonista vive confinado no último andar de um arranha-céu. Sua única companhia é seu adorado peixe vermelho que vive em um aquário redondo. Neste contexto caótico, sob a constante invasão de ratos que tomaram a cidade e do ar irrespirável que lhe exige o uso da máscara de oxigênio até para abrir a janela, o homem vive recluso em seu mundo particular, incapaz de enfrentar o horror das ruas.
“A peça trata da solidão, da necessidade que temos em tentar construir outro mundo, preencher o vazio. A ausência do título se refere a tudo: a água, a humanidade e à coragem deste homem”, detalha Artur.