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Viva

Lourenço Mutarelli estreia nos palcos

Arquivo Geral

24/03/2010 7h04

Tiago Padilha

O paulistano Lourenço Mutarelli costuma se dar bem nas artes que se atreve a fazer. Premiado autor e desenhista de histórias em quadrinhos, em 2002 passou a escrever romances. Alguns foram adaptados para o cinema, como O Cheiro do Ralo e Natimorto. Também é dramaturgo e atuou em filmes. Na peça Música para Ninar Dinossauros, ele interpreta nos palcos pela primeira vez. O espetáculo, escrito e dirigido por Mário Bortolotto, fez sua estreia no 19º Festival de Teatro de Curitiba, que segue até domingo. Muratelli aproveita a entrevista ao Jornal de Brasília para ir lá fora fumar um cigarro. “Fumo muito. Eu sou um tabagista mesmo, adoro fumar, adoro tudo que envolve esse ritual. Ninguém me pressiona, sabem que nunca vou parar”.

 

Com o corpo franzino e meio curvado, os passos lentos, ele tem a aparência frágil de quem se restabelece de alguma enfermidade. Tenta explicar o semblante tristonho: “Vem da vida, acho que é a máscara que a vida foi vestindo. Eu estou bem faz tempo, mas acho que tem uma carga aí, que vem de muito tempo”. Entre uma baforada e outra, à sombra do imponente Paço da Liberdade, na capital paraense, Mutarelli fala sem pressa sobre a tensa estreia no teatro, seu processo de criação, o tipo de música que mais gosta de ouvir e seus autores preferidos. Apesar dos elogios que tem recebido, ele antecipa: “Não pretendo fazer muito teatro, porque teatro exige muito de você”. Na peça, ao lado do próprio Bortolotto e do ator Paulo de Tharso, Mutarelli interpreta um dos três amigos vagabundos e beberrões, que apelam à companhia de prostitutas por não conseguirem se relacionar com mulheres “normais”.

 

Quais autores mais influenciaram você?
(Franz) Kafka, sem dúvida, é um com quem tive uma grande identidade e que me influenciou muito na adolescência. Li Dostoievski também numa época. Mais recentemente, mergulhei muito fundo no trabalho do William Burroughs. Me impactou muito. De quadrinhos, eu gosto muito de (Jacques) Tardi, que é um francês. Gosto dos desenhos do (José) Muñoz, das parcerias dele com o (Carlos) Sampayo. Gosto do Hergé, do Tintin, Will Eisner… Acho que há momentos em que cada um tem uma importância maior.

 

Você nasceu em São Paulo e sempre viveu lá. Você gosta da cidade?
Eu gosto muito de São Paulo, porque eu consigo viver lá no meu ritmo. Eu não agüento dirigir em São Paulo, eu praticamente não dirijo mais. Eu uso o carro quando é para a minha mulher, para o meu filho. Para mim eu uso metrô, táxi, a pé, ônibus, eu não agüento aquele trânsito. O fato de eu trabalhar em casa me ajuda muito, eu consigo ter um ritmo diferente do ritmo da cidade, que é muito puxado. Mas eu adoro a cidade, o bairro em que eu moro, Vila Mariana, é um lugar onde passei parte da minha infância.

 

Costuma sair à noite?
Não, eu saio pouco. Eu gosto de ir ao cinema, fazer algumas coisas assim com a minha mulher. E ir aos shows do Mário (Bortolotto, dramaturgo e vocalista da banda Saco de Ratos Blues) é uma coisa que virou quase uma religião. Toda quinta, ou toda terça, depende de quando é o show. E ir para beber e ficar até amanhecer lá é uma coisa de que eu gosto muito. A Saco de Ratos é uma banda de que eu gosto e tem um pessoal, uns amigos que freqüentam, é muito legal estar lá.

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