Pouco conhecida pelos livros didáticos, Almerinda Gama foi uma das primeiras mulheres negras a ocupar espaços de poder no Brasil do século 20. Sufragista, jornalista, poetisa, pianista e ativista, ela desafiou o racismo e o machismo estrutural de seu tempo — mas teve seu nome empurrado para os rodapés da história oficial. Agora, sua trajetória ganha destaque com o lançamento de Almerinda Gama: A sufragista negra (Todavia, 2025), livro da jornalista e servidora pública Cibele Tenório, vencedora do Prêmio Todavia de Não Ficção.
O livro será tema da mesa que Cibele participa nesta sexta-feira (1º), na Casa República, como parte da programação paralela da 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).

Mais do que uma biografia, a obra reconstrói uma figura central na luta pelo voto feminino e pelos direitos civis no Brasil, revelando o alcance político e cultural de Almerinda — mulher nordestina, nascida no fim do século 19, que atuou com vigor em um país que insistia em negar seu protagonismo.
“Foi um processo intenso de pesquisa e redescoberta. Almerinda é um nome essencial para entender o feminismo negro e a política brasileira”, afirma Cibele.
Sob a curadoria da jornalista Daniela Pinheiro, a Casa República traz à FLIP uma programação que mistura memória, literatura e pensamento público, com ênfase em vozes historicamente invisibilizadas — entre elas, servidores, intelectuais, escritores negros e indígenas. É nesse cenário que a história de Almerinda volta a ecoar, agora com a força e o reconhecimento que sempre mereceu.