“O livro é todo um ensaio experimental sobre o luto. Não há, necessariamente, uma elaboração de como superar o luto, mas gosto de pensar que a jornada de Safira é a de entender o processo e a necessidade do luto”. Nesta quarta-feira, a escritora Liara Oliveira lança seu novo livro, “as abelhas suicidas foram à praia e ainda não voltaram” (Editora Urutau, 2025), uma novela experimental que mistura lirismo, fragmentação e intensidade emocional ao tratar de temas como luto, memórias familiares e vínculos que persistem mesmo após o fim, às 19h, na Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles.
A obra se destaca pela construção poética, pelos capítulos curtos e densos, e pela exploração honesta da psicologia das personagens. Em uma prosa que valoriza o que é considerado feio, proibido ou indizível, Liara cria uma narrativa ao mesmo tempo delicada e brutal, onde cada ausência deixa marcas e cada frase carrega o peso até do que não foi dito.
Liara Oliveira é autora também de “Depois que a chuva passar” (independente, 2023) e “meu sangue escorre nos ladrilhos furta-cores da casa que o banco tomou de nós” (Editora Urutau, 2024), além de publicar semanalmente reflexões, crônicas e textos inéditos em sua newsletter na plataforma Substack. É mestra em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás e doutoranda em Literatura pela Universidade de Brasília. A crítica destaca sua escrita como ousada, sensível e intensamente queer.
Para Liara, o lançamento da obra é uma enorme realização. É uma história pela qual tem um carinho visceral, vívido, que a ideia de confiá-la para a publicação e sofrer cortes e censuras de editores davam vertigem. “Felizmente, a Editora é uma casa incrível e a Debora Rendelli, minha editora, é magnífica no que faz e um livro perfeito fora produzido. Ainda não é meu primeiro romance, mas é minha obra mais importante até agora”, destaca Liara. Para os amantes da literatura, a autora traz um livro sobre luto, sim, mas também sobre encontrar seu lugar no mundo. Encontrar uma casa. Seja numa cidade, num apartamento ou nos braços de alguém que se ama. É o livro que eu sempre quis escrever e agora ele é uma realidade. Hora de querer escrever outro.
“Nada é acidental, claro, mas estaria mentindo se dissesse que comecei a escrever este livro pensando em falar sobre o luto. Em muitas das minhas oficinas de escrita criativa escuto os alunos-escritores falando sobre como a história, às vezes, toma forma sozinha e eu nunca tinha passado por uma experiência parecida até a escrita, ou melhor, reescrita do ‘abelhas suicidas’”, explica Liara. “Havia pouco tempo que meu pai tinha falecido quando comecei a escrever o livro e enquanto trabalhava, não conseguia perceber os pedaços do luto por ele se encaixando na trama. Sentia que escrevia como se expurgasse algo que eu não sabia o que era, um sentimento que eu não tinha desde quando comecei a escrever, aos catorze anos. Só na reescrita, alguns meses depois de terminar o livro, que percebi o tanto de luto que eu sentia por ele eu tinha colocado ali”, completa ela.
Lançado oficialmente na Bienal do Livro de 2025, no Rio de Janeiro, o livro segue agora em turnê de lançamento e chega a Brasília no dia 25 de junho, às 19h, na Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (506/507 Sul). O evento contará com uma performance da artista Kaliedoscópica e será transmitido ao vivo pelo YouTube.
Para Liara, que “sempre gostei muito do título ‘As Virgens Suicídas’, livro de Jeffrey Eugenides que foi adaptado para o cinema pela Sofia Coppola”, o nome da obra traz dualidade de duas coisas que são socialmente vistas como dicotômicas: a pureza virginal e o abandono pecaminoso do suicídio. “Sou poeta, gosto muito de pensar em versos (e títulos) que contêm histórias, meu primeiro livro se chama “meu sangue escorre nos ladrilhos furta-cores da casa que o banco tomou de nós” e só por ele você já tem uma história completa”, esclarece.
Serviço
Lançamento do livro: as abelhas suicidas foram à praia e ainda não voltaram, de Liara Oliveira
Participação especial: performance de abertura com Kaliedoscópica
Data: 25 de junho (quarta-feira)Horário: 19h
Local: Biblioteca Demonstrativa – 506/507, Asa Sul, Brasília-DF
Preço e editora: R$50, Editora Urutau
Entrada gratuita
