Os vencedores da edição 2025 do Prêmio Sesc de Literatura vêm de três estados brasileiros: Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Na categoria Romance, o destaque foi Goiás, do paulista Marcus Groza. Massaranduba, de Abáz (BA), conquistou o prêmio na categoria Conto. Já Escalar Cansa, de Leonardo Piana (MG), foi o vencedor em Poesia.
Ao todo, foram 2.451 obras inscritas: 1.168 livros de poesia, 599 de contos e 684 romances. Os autores premiados terão seus livros publicados pela Editora Senac Rio e receberão um prêmio em dinheiro no valor de R$ 30 mil cada.
O Prêmio Sesc de Literatura é um dos mais importantes reconhecimentos da nova literatura brasileira. Há mais de vinte anos, a iniciativa revela e valoriza novos escritores. “Acreditamos que a literatura é um instrumento essencial de transformação, e nos orgulhamos de contribuir para a renovação do cenário literário nacional”, afirma Veronica Tomsic, gerente de Cultura do Departamento Nacional do Sesc.
Os autores serão apresentados ao público em uma cerimônia no fim do ano, que contará com uma noite de autógrafos. Após a publicação, os livros estarão disponíveis em livrarias físicas e online de todo o país, além de serem distribuídos na rede de bibliotecas e escolas do Sesc, em todas as regiões. Ao longo de 2026, os escritores também participarão de bate-papos, mesas-redondas e outros eventos culturais promovidos pela instituição.
Conheça os vencedores
Marcus Groza é poeta, dramaturgo, professor e encenador. Doutor em Artes Cênicas pela UNIRIO, mestre em Artes pela UNESP e graduado em Filosofia pela USP, Groza já participou de programas de TV e festivais com seus poemas falados, além de atuar como editor, tradutor e iluminador. Também concebeu e codirigiu o espetáculo de dança-teatro Woyzeck (2021). Em sua estreia no gênero romance, venceu com Goiás, uma obra que mistura memória, crítica social e poesia. O protagonista é um cachorro farejador caramelo que atua em operações de resgate — símbolo de resistência, alegria e dor frente à destruição humana e ambiental.
“Meu hábito de leitura veio da minha mãe. Comecei com Agatha Christie, e desde então a narratividade virou o meu chão, embora eu goste de transitar por todas as áreas da arte.”
Abáz, nascido em Salvador (BA), tem 31 anos e é formado em História pela UFBA, com mestrado pela UFMG e doutorado em andamento na USP. Professor da rede municipal de São Paulo, ele começou a escrever em 2024, durante oficinas de literatura. “Comecei há exatamente um ano, em agosto de 2024. Vencer o Prêmio Sesc parece um sonho.”
Massaranduba, seu livro de estreia, é uma coletânea de contos que retrata o cotidiano de personagens marginalizados em contextos urbanos e periféricos.
Leonardo Piana, nascido em Andradas (MG), é formado em Comunicação pela USP, escritor e servidor público. Antes de estrear na poesia, publicou dois romances. Sismógrafo venceu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte e foi finalista dos prêmios Jabuti, São Paulo de Literatura e Mix Literário, além de estar em processo de adaptação para o cinema. Seu segundo livro, Tarde no Planeta, também vencedor do mesmo prêmio, será lançado em setembro.
“Tenho poemas que escrevi ainda na infância, guardados na casa dos meus avós. A poesia sempre esteve comigo, mas eu nunca me considerei poeta. Talvez agora eu esteja me tornando um.”
Seu livro premiado, Escalar Cansa, apresenta poemas que entrelaçam mitologia grega e experiências contemporâneas de afeto, dor, identidade e resistência.
O júri
O júri final foi formado por nove escritores — seis mulheres e três homens —, todos nomes reconhecidos da literatura brasileira. Na categoria Romance, participaram Santiago Nazarian (autor de 13 livros), Godofredo de Oliveira Neto (imortal da Academia Brasileira de Letras) e Luciany Aparecida (vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2024 com Mata Doce).
Para Conto, os jurados foram Eliana Alves Cruz (vencedora do Jabuti 2022), Ana Elisa Ribeiro (cronista do jornal Rascunho) e Leonardo Tonus (semifinalista do Jabuti 2025 na categoria melhor livro brasileiro publicado no exterior).
Em Poesia, o júri foi composto por Lívia Natália (doutora em Literatura e Cultura), Leila Míccolis (roteirista e autora de 25 livros) e Anélia Pietrani (editora da Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea).
Sobre o prêmio
Criado em 2003, o Prêmio Sesc de Literatura já recebeu cerca de 24 mil obras originais e revelou 43 novos autores. O processo de seleção é feito por comissões julgadoras compostas por escritores, jornalistas e críticos literários de diversas regiões do país. Todo o processo é realizado de forma anônima — tanto para autores quanto para jurados —, garantindo imparcialidade e foco exclusivo no mérito literário das obras.
O prêmio é destinado a escritores inéditos nas categorias em que se inscrevem, reforçando seu papel como uma importante porta de entrada para novos talentos da literatura brasileira.