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Cinema com ela
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“Jurassic World: Recomeço” e o cansaço de reviver a magia jurássica

O longa estreia nesta quinta-feira (3) e tenta, sem sucesso, reacender a emoção dos fãs com uma fórmula já desgastada

Tamires Rodrigues

03/07/2025 5h00

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Foto: Divulgação/Universal Pictures

Após seis filmes, o que resta a ser explorado no universo dos dinossauros criados geneticamente? “Jurassic World: Recomeço”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (3), tenta responder a essa pergunta, mas a tentativa soa cansada, à beira da exaustão. O filme de Gareth Edwards apresenta uma trama recheada de ação, mas acaba se perdendo em repetições e arcos previsíveis, falhando em reconquistar a emoção que um dia marcou a franquia.

A jornada começa com uma imagem simbólica e reveladora de seu tom: um brontossauro preso em um engarrafamento de Nova York. A cena não só reflete o caos urbano, mas também a crescente indiferença com a própria franquia. “Morra ou viva, só saia da frente”, diz Martin Krebs, interpretado por Rupert Friend, em uma fala que poderia facilmente servir de metáfora para o destino do filme — um espetáculo de dinossauros que já não tem o mesmo impacto.

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Foto: Divulgação/Universal Pictures

O que “Recomeço” busca é uma pergunta perturbadora: como reacender o interesse por criaturas pré-históricas quando tudo já foi dito? As tentativas de renovação no roteiro de David Koepp, embora esforçadas, soam como ecos da própria saga, buscando uma justificativa que, por mais que tente, não consegue evitar a sensação de desgaste.

Ao longo dos 134 minutos, acompanhamos personagens como Zora Bennett (Scarlett Johansson) e Krebs, que lideram uma missão de resgate com o objetivo de extrair o sangue de dinossauros para curar uma pandemia. O elenco, que conta com nomes como Mahershala Ali e Jonathan Bailey, tenta criar empatia, mas seus arcos são apenas funcionais, carecendo de profundidade. Seus diálogos, por sua vez, não conseguem sustentar o enredo, que se arrasta sem grandes novidades.

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Foto: Divulgação/Universal Pictures

A introdução da família Delgado, com a clara intenção de adicionar uma criança e um dinossaurinho para fins de merchandising, é um exemplo clássico da fórmula desgastada da franquia. A presença da criança, já um clichê, serve mais como uma desculpa para conectar os heróis ao público jovem, transformando o filme em algo previsível e, muitas vezes, forçado.

A tentativa de introduzir novos “mutantes” no universo jurássico, como o temível Dementus Rex, é uma tentativa de inovação. No entanto, os resultados são lentos. A tensão que deveria injetar adrenalina no filme se perde, e a tentativa de esconder os dinossauros em sombras e fumaça apenas antecipa um susto que não chega. O filme tenta ser assustador, mas falha em capturar o terror que outrora foi a essência da franquia.

Esse erro fica ainda mais claro quando o Mosassauro aparece. Embora a cena subaquática seja visualmente impressionante, o desfecho revela a falta de surpresas genuínas. O que vemos são fórmulas recicladas e uma falsa sensação de perigo, com nenhum dos protagonistas realmente em risco.

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Foto: Divulgação/Universal Pictures

O maior pecado de “Recomeço” é a sua incapacidade de se renovar. O filme se agarra a tudo que já conhecemos: o terror palatável, os efeitos digitais deslumbrantes, mas sem o impacto de antes. As dinâmicas familiares e os encontros com os dinossauros se tornaram previsíveis e já não emocionam mais. O roteiro se perde em tentativas de inovação sem saber o que realmente quer ser. E, no fim, o que sobra é um espetáculo de CGI que não consegue nos seduzir.

A franquia, que já foi um símbolo de inovação, hoje se apresenta como um reflexo de seu próprio passado glorioso. O desgaste é evidente. Enquanto “Jurassic World: Recomeço” tenta reviver a magia da saga, ele se encontra em um beco sem saída, repetindo fórmulas sem o impacto de antes. A lição que fica é clara: às vezes, reviver uma franquia pode ser tão letal quanto uma mordida de Tiranossauro — e, em muitos casos, pode ser ainda mais mortal.

Conclusão

Por fim, ao tentar ressuscitar um império já esgotado, “Jurassic World: Recomeço” nos entrega provavelmente o filme mais esquecível da franquia. O dilema central da saga nunca foi sobre os dinossauros, mas sobre como manter o interesse do público quando a novidade se torna rotina. E, neste caso, a rotina se mostrou um fardo pesado demais para carregar.

Confira o trailer:

Ficha Técnica
Direção: Gareth Edwards;
Roteiro: David Koepp, Emily Carmichael;
Elenco: Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Mahershala Ali;
Gênero: Ação, Aventura;
Duração: 134 minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 14 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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