Camilla Sanches
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Ahistória da produtora Candango Promoções, do Teatro da ABO e de uma geração de artistas do teatro, cinema e música brasilienses, da década de 1980, pode ser revisitada no livro O Sonho Candango – Memória Afetiva dos Anos 80, escrito pelo ator, diretor, dramaturgo e jornalista Alexandre Ribondi, com concepção de Cláudia Pereira e consultoria de Romário Schettino. O lançamento será hoje à noite, no foyer da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, às 19h.
“Quando fui convidado, vi que a estrada é comprida, muitos anos se passaram e que a história da cidade está ligada a esses artistas e produtores que investiram seu talento em Brasília”, diz Ribondi. “Reencontrar e conversar com todas aquelas pessoas, ver as impressões que elas têm sobre aquele momento foi genial”, comemora ele, empolgado.
O trabalho levou quase seis anos e nas mais de 230 páginas resgata um período da vida artística, em meio à ditadura militar e repressão cultural, entre 1982 e 1986, tempo que durou a produtora fundada por Cláudia, Schettino e Cleber Loureiro. “Tudo era feito com a cara e coragem de uma geração que, tendo nascido nos anos 1950, carregava na bagagem o sonho de liberdade dos anos 1960 e os horrores da repressão política que se alastrou pelos anos 1970”, diz a antropóloga Cláudia Pereira.
Alguns entrevistados foram mais difíceis de encontrar; as fotos, os jornais e registros constituíram uma batalha para serem achados, segundo o autor, que se ocupou da primeira função, enquanto a pesquisa de imagens ficou a cargo do ator Chico Sant’Anna. Ribondi acredita que o material faz apanhado “honesto e sincero” daqueles tempos. “Faltou entrevistar o Renato Russo”, brinca , sobre o roqueiro já falecido, quando a ideia da publicação surgiu. “O depoimento dele seria muito bom, assim como o do cineasta Vladimir Carvalho, que está vivo”, diz.
O livro reúne falas dos diretores de teatro Hugo Rodas e B. de Paiva. Na música, Phellipe Seabra, da Plebe Rude, contribuiu, assim como Armando Lacerda, no cinema. O projeto também está na internet, com um blog, e, em breve, deve ser acessado pelo rádio. No segundo semestre, o projeto é o Sonho Candango virar programa de TV.