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Cinema com ela
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“Invocação do Mal 4: O Último Ritual” é um adeus entre sombras e memórias

Nova sequência da franquia de terror estreia nesta quinta-feira (4) com clima de despedida para os Warrens

Tamires Rodrigues

04/09/2025 5h00

Atualizada 03/09/2025 23h56

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

O universo do terror contemporâneo encontrou em Invocação do Mal um ponto de virada. James Wan construiu uma narrativa capaz de resgatar o clima dos clássicos, com ritmo preciso, sustos engenhosos e personagens que conquistaram o público além das paredes assombradas. Chegar ao quarto filme da franquia significa lidar com o peso desse legado – e é justamente nesse limiar entre reverência e desgaste que O Último Ritual se posiciona.

Se o terceiro capítulo havia deixado uma sensação de esquecimento, soterrado pela pandemia e por um roteiro menos inspirado, esta nova entrada surge com uma intenção clara: oferecer uma despedida aos Warrens. Desde os primeiros minutos, a trama assume o tom de “último caso”, preparando o espectador não apenas para o confronto com o mal, mas para um adeus simbólico a uma das duplas mais queridas do terror moderno.

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Michael Chaves, novamente no comando, encara uma tarefa ingrata. Sua passagem pela franquia foi marcada por deslizes – derivados pouco inspirados e um terceiro episódio morno –, mas aqui tenta equilibrar contas com o público. Não há revolução estética, mas também não se repete o festival de clichês visuais que minaram sua reputação. O resultado é irregular, embora revele lampejos de maturidade, especialmente em sequências como a do corredor de espelhos.

O roteiro, assinado por Ian Goldberg, Richard Naing e David Leslie Johnson-McGoldrick, carrega o peso da “última vez”. Ao buscar dar contornos íntimos à família Warren, acaba sacrificando parte da intensidade das assombrações. O drama doméstico, embora compreensível como eixo de despedida, se alonga além da conta. Judy, a filha, ganha espaço, mas sua sensibilidade sobrenatural não se integra de forma orgânica ao caso central, deixando a impressão de uma revelação tardia.

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Ainda assim, há méritos na construção da atmosfera. A casa da família Smurl, com seu espelho amaldiçoado, é explorada com inteligência visual. Chaves mapeia corredores, cantos e a própria arquitetura como personagens em si, permitindo que a tensão cresça lentamente, mas de forma eficaz. Mesmo sem atingir o impacto das icônicas palmas no porão ou dos quadros do segundo longa, a reta final sustenta uma energia que justifica a espera.

É nesse último ato que a trama consegue, enfim, entregar o que promete: um confronto carregado de desespero, marcado pela iminência da perda. O público sabe que Ed e Lorraine envelheceram, que seus corpos já não resistem como antes, e essa vulnerabilidade reforça a ideia de que o tempo não perdoa nem os heróis. O terror se mistura à melancolia de ver personagens queridos em seu ocaso.

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Patrick Wilson e Vera Farmiga permanecem como o coração pulsante da franquia. A força da química entre eles é inegável. Cada olhar, cada gesto de cuidado, cada ato de fé reforça a humanidade que sempre diferenciou os Warrens de outros protagonistas do gênero. Mesmo quando o roteiro tropeça, é a dupla que resgata a emoção, lembrando ao público que a saga nunca foi apenas sobre demônios, mas sobre união diante do inominável.

Há, claro, frustrações. O excesso de foco no melodrama familiar, a repetição da ameaça à saúde de Ed, os diálogos pouco inspirados e a demora em estabelecer o verdadeiro perigo minam parte do impacto. Para um clímax anunciado como grandioso, o caminho até lá poderia ser mais ágil e envolvente. O “último ritual” às vezes soa menos como um exorcismo épico e mais como um adeus protocolar.

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Mas, no conjunto, o filme cumpre sua missão. Invocação do Mal 4 não redefine o gênero nem alcança os ápices de Wan, mas se apresenta como uma despedida respeitosa. É uma obra consciente de suas limitações, mas também agradecida pelo legado que encerra. Entre falhas e acertos, deixa ao público o que talvez seja mais importante: a sensação de ter acompanhado até o fim uma história de coragem, fé e amor.

Conclusão

No apagar das luzes, fica a certeza de que Ed e Lorraine Warren, na pele de Wilson e Farmiga, conquistaram um espaço definitivo no imaginário do terror. O Último Ritual não é um triunfo absoluto, mas é um adeus digno – e, em tempos em que franquias se arrastam sem propósito, talvez essa seja sua maior vitória.

Confira o trailer: 

Ficha Técnica
Direção: Michael Chaves;
Roteiro: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick;
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson, Ben Hardy, Steve Coulter, Shannon Kook, Rebecca Calder, Elliot Cowan, Kíla Lord Cassidy, Beau Gadsdon, John Brotherton, Molly Cartwright;
Gênero: Terror;
Duração: 131 minutos;
Distribuição: Warner Bros. Pictures;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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