Menu
Viva

Intelectuais e políticos de Portugal e Espanha despedem-se de Saramago

Arquivo Geral

21/06/2010 11h53

Intelectuais e políticos de Portugal e Espanha despediram-se hoje de José Saramago em um funeral no salão de honra da Prefeitura da capital lusa, carregado de emoção e evocações ao Nobel e a sua riqueza literária e humana.

 

“Obrigado José Saramago” disse o prefeito de Lisboa, Antonio Costa, ao agradecer, no início do ato, a marca que deixa em seu país e no mundo um escritor ao qual definiu como um apaixonado de Lisboa.

 

Para a primeira vice-presidente do Governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, que também falou durante o ato, as páginas de ilusões, sonhos e também compromissos escritas por Saramago fazem parte dos tesouros da cultura universal, que fica órfã de uma voz “muito humana e muito digna”.

 

 

Enquanto centenas de pessoas acompanhavam a cerimônia por um telão instalado na fachada da Prefeitura, o ensaísta e professor Carlos Reis, o secretário do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, e a ministra da Cultura portuguesa, Gabriela Canavilhas, evocaram também ao “mestre e amigo Saramago”.

Ao término da cerimônia, inúmeros intelectuais e amigos do Nobel expressaram suas condolências à família e Pilar del Río, que saiu brevemente ao balcão da Prefeitura para saudar e agradecer lisboetas que acudiram ao local para dar um último adeus ao escritor.

Jerónimo de Sousa, em nome do Partido Comunista no qual militou Saramago até a morte, expressou o luto de “todo o povo ao que amou e foi fiel” e ressaltou que o Nobel não se limitou a narrar e participou ativamente de muitas das causas que defendeu em suas criações literárias.

“Lembrou as que com frequência são esquecidas pela história oficial”, afirmou o líder comunista diante do caixão de Saramago.

A ministra Canavilhas ressaltou, como os outros oradores, a força que forneceu Pilar del Río à vida e a obra de um escritor da mais destacada contribuição à “afirmação e difusão da língua e a literatura portuguesa e lusófona”, cuja produção chegou a múltiplas facetas das artes, cinema, ópera e o teatro.

“Era um homem simples e valente do qual se orgulha Portugal”, afirmou a titular lusa de Cultura.

O prefeito Costa, anunciou em seu discurso que as cinzas de Saramago repousarão em Lisboa, a cidade onde trabalhou e escreveu, na qual presidiu sua Assembleia Municipal e onde reside a Fundação que leva seu nome.

Fontes da família do Nobel disseram à Efe, no entanto, que ainda não está decidido o local exato onde serão depositadas as cinzas na capital lusa, que segundo destacou o prefeito não só foi cenário de muitas de suas obras, mas também “um de seus personagens mais queridos e aos que dedicou mais amor em toda sua obra”.

Em seu breve discurso durante a cerimônia fúnebre, primeira vice-presidente espanhola também evocou a obra do escritor, ao que definiu como um criador e uma pessoa de valor “extraordinário” que despertou o carinho e a admiração de todos.

 

María Teresa Fernández de la Vega transmitiu o pesar do Governo e o povo da Espanha pela morte do escritor, que morreu na sexta-feira, aos 87 anos, em sua casa da ilha espanhola de Lanzarote.

Ajudo a “compreender” o extraordinário que são os seres humanos com uma obra e uma vida que, como poucas, soube “fazer soar as cordas da alma”.

A vice-presidente elogiou em seu emotivo discurso as ilusões das que Saramago fez partícipes aos que conheciam e liam, seu sonho de “uma terra livre de perseguição e miséria”, de um mundo no qual “os fortes fossem um pouco mais justos”.

O amor, a solidariedade, que presenteou o escritor com suas obras passaram “a fazer parte de nossos tesouros mais queridos”, disse a governante espanhola, ao ressaltar as vitais páginas de sua leiga produção literária, “tão intensa como a realidade”, aos milhões de pessoas que nunca as esquecerão.

Sua mulher, Pilar del Río, sua filha Violante, junto dos dois netos do escritor assistiram emocionados ao ato, que concluiu com a interpretação de uma peça de Bach ao violoncelo de Irene Lima e ao que assistiu também, entre outras autoridades e personalidades, o primeiro-ministro português, José Sócrates.

Após a cerimônia na Prefeitura, o féretro partiu em um cortejo fúnebre entre aplausos de centenas de pessoas em direção ao cemitério do Alto de São João para cerimônia de cremação.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado