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Instituto Fome de Música é oficializado e busca combater a fome no Brasil

Alinhado aos ODS’s da ONU, agora se consolida como política permanente de solidariedade

Redação Jornal de Brasília

08/08/2025 5h00

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Foto: Jornal de Brasília

Por Larissa Barros

Em 2022, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 revelou um dado alarmante, 33,1 milhões de brasileiros não tinham o que comer. O levantamento, realizado entre novembro de 2021 e abril de 2022, abrangeu mais de 12 mil domicílios em áreas urbanas e rurais de 577 municípios em todo o país. Foi nesse cenário de emergência humanitária que nasceu o projeto Fome de Música, uma resposta solidária ao avanço da fome, unindo cultura, engajamento social e o poder da música para mobilizar doações de alimentos durante a pandemia.

A iniciativa começou com lives solidárias em um momento em que os artistas estavam impossibilitados de subir aos palcos. Foi por meio de uma articulação do Na Praia Festival com os artistas parceiros do Grupo R2 que o projeto ganhou força. O Fome de Música foi pioneiro ao inserir um QR Code nas transmissões ao vivo para facilitar as doações. O resultado foi histórico: mais de R$7,7 milhões arrecadados e revertidos integralmente em alimentos, cerca de 1.500 toneladas distribuídas em todos os estados do Brasil. Assim, nascia um movimento que uniu arte e solidariedade, e que agora dá um novo passo como política permanente de combate a fome.

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Foto: Jornal de Brasília

Segundo o diretor de sustentabilidade do Grupo R2, Edu Azambuja, a proposta é simples e eficaz, adicionar um real ao valor de cada ingresso, totalmente revertido em doações. “Essa é a ideia. Um realzinho a mais não faz ninguém deixar de comprar o convite, se ele custava R$100, passa a custar R$101. Isso não impacta o produtor e, quando somamos em escala, o resultado é gigante. Imagina quantos milhões podemos arrecadar com a nossa rede de relacionamento, não só na classe artística, mas também com parceiros de outras áreas”, explica.

Edu reforça que esse modelo simples é a base do Instituto Fome de Música, oficializado este ano. “O Instituto nasce com uma missão clara e ambiciosa: acabar com a fome no Brasil”, afirma. “Esse sempre foi o nosso grande objetivo. Pode parecer ousado, mas acreditamos que é possível, e o primeiro passo para realizar um sonho é acreditar nele”. A ideia é expandir a lógica do “um real a mais” para shows, partidas de futebol, peças de teatro e até mesmo produtos do varejo. “Imagina quantos clubes de futebol existem no país, quantos estádios, quantos teatros. E por que não envolver marcas também? Um centavo por produto vendido pode fazer a diferença. Quando isso é feito em escala nacional, o impacto é enorme”.

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Foto: Jornal de Brasília

A primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha, destaca o papel transformador da empatia e da solidariedade. “Quando a gente reconhece a oportunidade que tem de ajudar alguém, é importante usar esse poder com responsabilidade. Não precisamos passar por situações difíceis para começar a agradecer e contribuir. As ações do Fome de Música não são realizações individuais, nem minhas, nem do Edu, são fruto de uma parceria. E é assim que a gente segue, girando juntos nessa direção”, detalha.

Para a especialista em ESG Mariana Borges, cultura e música são ferramentas poderosas de transformação social. “Elas promovem inclusão, fortalecem a identidade das comunidades e sensibilizam a sociedade para questões sociais e ambientais. Em um contexto de ESG, eventos como o Na Praia engajam o público em ações solidárias, como a doação de alimentos. Isso cria um ciclo virtuoso, as pessoas se divertem, se conectam pela música e, ao mesmo tempo, contribuem com uma causa nobre. É uma forma de construir comunidades mais resilientes, onde o entretenimento impulsiona o bem-estar coletivo e o desenvolvimento sustentável”, afirma.

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Foto: Jornal de Brasília

Ela também destaca a importância de ações como essa em um momento em que a insegurança alimentar e as desigualdades sociais continuam sendo grandes desafios no Brasil. “É essencial ver iniciativas do porte do Na Praia integrando ações sociais de impacto. Elas se alinham diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como o ODS 2, que busca erradicar a fome. Além disso, mostram que grandes empresas e eventos podem, e devem, ir além do seu core business. Isso fortalece a reputação da marca, atrai patrocinadores que buscam parceiros com práticas sustentáveis e prova que entretenimento e responsabilidade social podem caminhar juntos”.

Já Eduardo Roque, vice-presidente do Instituto Fome de Música, reforça o papel estratégico do setor. “A cultura comunica onde a voz técnica não chega. Precisamos parar de tratá-la como algo temporário ou político. A cultura é muito maior do que isso. Enquanto continuarmos vendo dessa forma, vamos continuar andando em círculos”, reflete. Para ele, é possível conciliar propósito e empreendedorismo. “Ser empresário e pensar no social não só é possível, como é cada vez mais necessário. Cultura não é gasto, é investimento. É muito mais do que entretenimento, é dar voz ativa às pessoas que vivem nas periferias e constroem a resistência todos os dias. E quando a gente se une, o resultado não é nosso, é da comunidade”, afirma.

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Foto: Jornal de Brasília

Na visão de Edu, essa articulação com os ODS da ONU é central para o Instituto. Ele destaca três principais objetivos que guiam o projeto: o ODS 1 (erradicação da pobreza), o ODS 2 (fome zero e agricultura sustentável) e o ODS 10 (redução das desigualdades). “É claro que educação e outros fatores são fundamentais a longo prazo, mas quem está passando fome, passa fome hoje. A fome não espera. E é aí que o Instituto atua: no combate direto à fome e à pobreza extrema, com ações rápidas e uma rede de articulação que funciona”.

Essa rede já tem resultados concretos. No ano passado, apenas com a doação de um real adicionado aos ingressos do Na Praia, o Instituto arrecadou R$350 mil, que foram destinados ao Rio Grande do Sul em um momento de calamidade. “Com 350 mil pessoas presentes no festival, tivemos uma contribuição significativa para o pessoal que mais precisava naquela época”, conta Edu Azambuja.

Em 2024, o Instituto reforçou sua presença com mais uma ação que une arte e solidariedade. Durante o show de Nando Reis, o artista visual brasiliense Toys, reconhecido nacionalmente, criou ao vivo um painel de 1,80m por 2m, que será leiloado. “Toda a arrecadação será revertida em alimentos”, conta Edu. Outro artista que se uniu à causa foi Paulo Ricardo, de Goiânia, com obras já expostas até no Vaticano. “Ele também vai doar uma obra do mesmo tamanho, com o leilão marcado para os próximos dias. É arte que transforma vidas”, conclui.

Para o futuro, o Instituto já tem metas bem definidas. “Nossa proposta é simples: articular com o maior número possível de artistas, empresas e parceiros. Estamos apostando no poder da cultura, do entretenimento e da solidariedade para transformar realidades”, afirma. A jornada começa em Brasília, com os artistas convidados do Na Praia, mas a intenção é expandir. “Acreditamos que essa ideia vai tomar uma proporção muito maior, capaz de realmente fazer a diferença no Brasil inteiro”.

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