Andréia Castro
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No mês passado, a capital foi palco do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, tradicional evento onde é possível assistir a produções autorais que primam por conteúdo, e não necessariamente por bilheteria. No entanto, o público que prestigia o festival e que frequenta o CineBrasília (106/107 Sul) fica perdido quando tenta fugir do cinema comercial – recheado de produções hollywoodianas.
A exceção fica por conta de algumas salas dos cinemas do Itaú CasaPark, Liberty Mall e das mostras realizadas pelo Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). É lá que, a partir de hoje e até o dia 21 de outubro, será apresentada a mostra Em Cartaz. Serão exibidos filmes que estiveram em cartaz recentemente pelo País e não tiveram espaço nas salas de Brasília. Todas as projeções têm entrada franca.
Os 14 filmes serão exibidos três vezes cada um, em sessões de terça-feira a domingo. As distribuidoras representadas nesta mostra são: Vitrine Filmes, Tucuman Distribuidora, Lume Filmes, Petrine Filmes, Moro Filmes, Festival Filmes e Pandora Filmes. “Algumas produções são estreias nacionais, como a coprodução entre Estados Unidos e França Crazy Horse, de Frederick Wiseman”, conta a curadora da mostra, Silvia Cruz. O título em questão será exibido pela primeira vez nesta quinta-feira, às 16h30.
Além dos filmes, vale destacar o debate que acontece no dia 17, às 20h30, entre representantes das sete distribuidoras que fazem parte da iniciativa. “Vamos discutir a criação de uma associação das distribuidoras independentes e buscar alternativas para que filmes autorais cheguem ao público”, explica Silvia, que, além de curadora, é também representante da Vitrine Filmes.
“Sabemos que não temos tanto público como os blockbusters, mas há pessoas que se interessam pelo circuito alternativo”, acredita Silvia. Segundo ela, o mercado independente está enfrentando um momento difícil. “A grande maioria dos filmes da mostra já estreou, mas não encontram espaço nas salas de cinema. Isso tem que mudar”, afirma.
FILMES
Destaque para as produções nacionais da programação, dentre elas Histórias que Só Existem Quando Lembradas, de Julia Murat, que abre a mostra hoje, às 16h50. Em sua estreia como diretora de longa-metragens, a filha da cineasta Lucia Murat (Que Bom Te Ver Viva e A Memória que Me Contam), Julia, cria um ambiente fantasmagórico para a viagem de Rita, uma fotógrafa da cidade grande que entra em contato com os habitantes de um pequeno vilarejo chamado Jotuomba.
Há também o premiado Mãe e Filha, de Petrus Cariry, que será exibido amanhã, às 19h. Completamente autoral – Cariry escreveu, dirigiu, produziu e filmou – , Mãe e Filha conta a história de uma mulher que saiu do interior para a capital Fortaleza e não deu notícias por 20 anos. Ao voltar à cidadezinha do sertão onde nasceu, um lugarejo repleto de ruínas e lembranças, pretende que a mãe batize e enterre o filho natimorto.
O israelense Beaufort, de Joseph Cedar, também merece um menção. Exibido hoje, às 20h40, o longa é baseado na retirada das tropas israelenses do Líbano, e traça os últimos dias da ocupação, em que soldados são alvo fácil dos foguetes inimigos.
CCBB em Cartaz – De hoje a 21 de outubro. No Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul). Entrada franca, mediante retirada de senha com uma hora de antecedência, na bilheteria. Informações: 3108-7600.