O momento brasileiro – extremamente revolucionário – não poderia ser mais oportuno para colocar em cena uma ópera que expressa rebeldia, amor e transformação social. Quase sete anos depois de sua estreia no Theatro Municipal de São Paulo, em 2006, a ópera “Olga”, de Jorge Antunes, será apresentada pela primeira vez em Brasília como parte do festejado III FESTIVAL DE ÓPERA DE BRASÍLIA. “Olga” estará em cartaz nos dias 3, 5 e 7 de julho.
Moderna e inusitada, a ópera fala do amor entre a revolucionária alemã Olga Benario Prestes e o líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes – traçando paralelos entre outra saga igualmente trágica: a de Tristão e Isolda. “O amor dos dois casais surgiu em uma viagem de navio: Tristão levava Isolda ao rei Mark, mas um filtro do amor a bordo acrescentou novos rumos à história; Prestes levava Olga para a revolução brasileira, mas um coquetel a bordo acrescentou novos rumos à história”, conta o maestro Jorge Antunes, revelando que a obra foi composta ao longo de dez anos e demorou a ser aceita: “No período compreendido entre 1993 e 2006, lutei intensamente, buscando teatros, diretores, maestros, orquestras e empresas financiadoras para a encenação. Não encontrei. Todos achavam que o libreto tratava de uma história de subversivos, exaltando Olga e Prestes comunistas, e eu com uma música contestadora e revolucionária”.
A SAGA – Olga Benário Prestes nasceu de uma família judia em Munique em 1908. O pai, Leo Benário, era um advogado social democrata e um liberal; a mãe, Eugénie, era uma dama da alta sociedade que não apoiava as ideias revolucionárias da filha. Em 1923, aos 15 anos, Olga entrou para a Juventude Comunista. Dois anos depois, aos 17, foi a Berlim para levar adiante sua militância. Em 1926, foi presa por traição, mas liberada poucas semanas depois. Em 1928, liderou uma cinematográfica investida para liberar o companheiro Otto Braun; os dois fugiram para Moscou, onde Olga fez treinamento militar. Em 1934, foi designada para garantir a chegada, ao Brasil, do comunista Prestes, que lideraria a Intentona Comunista de 1935. Olga e Prestes deveriam se passar por marido e mulher para facilitar o disfarce. Na longa viagem, apaixonaram-se.
Com o fracasso da revolução, Olga e Prestes foram presos e separados um do outro. Grávida, Olga lutou para ter sua filha no Brasil – mas o governo Vargas, como vingança pessoal contra Prestes, empenhou-se contra: aos sete meses de gravidez, Olga foi deportada para a Alemanha Nazista. Lá, foi levada à prisão de mulheres da Gestapo. Na madrugada de 27 de novembro de 1936, exatamente um ano após a fracassada revolução, nasceu Anita Leocádia.
Leocádia, mãe de Prestes, fazia uma grande campanha na Europa pela libertação do filho, da nora e da neta. Por isso, Olga teve permissão de permanecer com sua filha enquanto pudesse amamentá-la – mas, quando Anita tinha 14 meses, foi retirada de Olga e entregue à avó Leocádia (um fato que Olga só veio saber muito depois). Em 1938, Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg e, em 1939, para Ravensbrück, o único grande campo exclusivo para mulheres. Em 1942, Olga foi levada à câmara de gás de Bernburg e executada.
No elenco, Martha Herr é Olga; Adriano Pinheiro é Luiz Carlos Prestes; Homero Velho é Filinto Müller; e Cris Dantas como Carmen Ghioldi.
Serviço:
III Festival de Ópera de Brasília – De 12 de junho a 7 de julho.
Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, sempre às 20h.
Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Informações: (61) 3325-6232 ou 3325-6256 (bilheteria e no site ingressos.com).
Olga – Dias 3, 5 e 7 de julho.
Classificação indicativa: 18 anos
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