Militante do Partido dos Trabalhadores há 30 anos, com um vasto currículo de partipação política, o goiano-tocantinense Hamilton Pereira da Silva volta a ocupar a pasta da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Em 1997, ele assumiu o cargo a convite do então governador Cristovam Buarque.
Na cerimônia de posse realizada na tarde de ontem, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro, o novo secretário assumiu logo de cara 13 compromissos, que garantiu por em prática nos primeiros cem dias de governo.
A tão aguardada reforma do Cine Brasília foi a primeira destacada por Pereira da Silva. “Vamos elaborar um Plano de Revitalização dos Espaços Culturais do DF. Cine Brasília, pessoal”, bradou. Para isso, um Grupo de Trabalho, composto pelo gabinete do secretário, membros da SC-DF e convidados das secretarias de Obras e Educação, será criado para a elaboração do plano. Outros locais, como o Centro Cultural da 508 Sul, a Casa do Cantador, o Cine Itapuã e o Espaço Cultural de Ceilândia, também estão na lista de espera para recuperação.
O novo secretário garantiu, ainda, para daqui a três meses, a realização da 3ª Conferência de Cultura do DF com o objetivo de reconstruir as relações entre o Estado e a Sociedade, fortalecer a instância de participação e afirmar o Sistema Distrital de Cultura.
Já para este mês de janeiro, prometeu o lançamento de um edital de circulação para pequenos projetos artísticos culturais, na tentativa de incluir grupos semi-profissionais e/ou regionais no fomento público para realização de espetáculos nas Regiões Administrativas. A ação pretende dar início a um processo de descentralização da cultura.
Outro compromisso assumido foi o de acabar ou minimizar as pendências relacionadas ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC), criar um mecanismo para expor de maneira clara as contas do fundo e realizar um FestFac “para mostrar à sociedade o que que foi feito com o dinheiro da sociedade”, frisou.
Aproveitando a presença de representantes do Ministério da Cultura na plateia, enfatizou a necessidade de assinar convênios com o órgão para integrar o Distrito Federal nas políticas públicas nacionais de Cultura. Além disso, o secretário pretende lançar o edital para realização de concurso público com abertura de 100 vagas para complementar o quadro de servidores de carreira da SCDF e elaborar uma proposta de Reforma Administrativa da Secretaria que a qualifique a responder as expectativas anunciadas.
Para o 51º aniversário da capital, Hamilton Pereira prometeu uma festa menos vergonhosa que a do cinquentenário e para o Carnaval, em março, ele pretende realizar uma festa democrátiva com a descentralização de recursos e das manifestações.
Entre os compromissos, a promessa de integrar cultura e educação, levando os artistas para as escolas e promovevendo políticas culturais e educacionais que garantam o acesso, a formação de público e a revelação de talentos nos ambientes de ensino público.
Também estão previstos no plano de compromissos do secretário a criação de uma usina de projetos, um comitê de patrocínio para dar vazão à criatividade dos artistas e um seminário com os gerentes de cultura das administrações regionais, com os quais pretende manter diálogo permanente durante toda a gestão da Secretaria.
O retorno de Hamilton Pereira da Silva à pasta de Cultura parece ter agradado parte da classe artística que compareceu à cerimônia da posse do novo secretário. Entre as mais de 400 pessoas que lotaram a Martins Pena, nomes como o ator Sérgio Mambert, o diretor Wladimir Carvalho e Seu Teodoro, mestre do bumba-meu-boi, de Sobradinho, marcaram presença. “Fiquei muito satisfeito por ele ter sido reconduzido ao cargo, porque sei que é alguém que não está apalpando o terreno, ele sabe onde está pisando, conhece o trabalho”, destacou Seu Teodoro.
Integrante da Cia. de Teatro Os Melhores do Mundo, o comediante Welder Rodrigues disse estar esperançoso quanto à nova gestão: “Espero que o trabalho seja infinitamente superior ao do mandato anterior (de Silvestre Gorgulho), que, verdadeiramente, não existiu. O que observamos foi um total descaso e abandono com os espaços públicos, a maioria sucateados”. Pipo disse ainda que espera que o novo governo dê prioridade à educação. “Assim, consequentemente, a cultura e outras áreas necessitadas de investimento, como a saúde, também ganham”.