Camilla Sanches
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Três espetáculos com elenco formado por artistas de Brasília entram em cartaz este fim de semana. As peças também têm em comum o fato de serem comédias, apesar do fundo dramático escondido por trás de uma delas, O Cozido, do autor renascentista italiano Angelo Beolco. As outras duas, CSI Brasília e Misticismo, são produções das companhias de comédia locais Os Fantásticos e Os Melhores do Mundo, respectivamente.
Com direção da italiana Alessandra Vannucci, O Cozido é um convite à degustação de sabores e momentos hilários na vida do casal Ruzante e Betia, em cartaz no Teatro Goldoni, de hoje a 22 de abril. Para tentar flagrar possível traição da mulher, o protagonista assume o disfarce de um homem fino e rico. Ele fala um dialeto refinado, conhecido como mosqueta – título original do texto –, diferente do linguajar camponês, mais usado na comunidade.
A mulher percebe e entrega o marido a um soldado, o que facilita a relação de adultério com o compadre Menato. “É uma peça feminista, onde a Betia satisfaz suas necessidades sexuais e garante a sobrevivência da comunidade, numa economia de troca”, adianta a diretora. A prioridade dessa comunidade carente é fazer, pelo menos, duas refeições diárias.
Escrito em 1528, o texto se mantém atual, na visão de Alessandra. “No teatro, não temos que ressuscitar coisas mortas, mas identificar o que tem de vivo ainda”, considera. “Esta peça tem uma intensidade e crueldade ao fazer pensar o mundo atual, onde muitos países têm dinheiro, mas sua população não tem garantidos seus direitos de saúde, educação, moradia e alimentação.”
Ela garante que a peça é cômica, do início ao fim. “E convidamos o público a, também, provar do cozido feito ao longo da encenação.”. O elenco traz os brasilienses Abaetê Queiroz, Camila Meskell, Similião Aurélio e Marcos Davi.
religião e corrupção
A Cia de Comédia Os Melhores do Mundo reestreia Misticismo, na Sala Villa-Lobos, hoje e amanhã. “Estamos sempre adaptando o texto, tirando piadas antigas e colocando novas e adequando aos locais”, fala Jovane Nunes, um dos integrantes da trupe, que tem, ainda, Welder Rodrigues, Ricardo Pipo, Adriana Nunes, Victor Leal e Adriano Siri.
“O espetáculo tem cinco esquetes – catolicismo, espiritismo, igrejas evangélicas, candomblé e telepatia”, adianta. Amparados no cotidiano, os comediantes usam os temas místicos para falar de sociedade, futebol, comportamento, entre outras observações que acontecem a sua volta.
Enquanto isso, Os Fantásticos apresentam no Teatro dos Bancários, amanhã e domingo, CSI Brasília, sobre o sequestro do senador Ilúdio Brasil, no Congresso Nacional. A trama inspirada no seriado norte-americano e no espetáculo anterior do grupo, O Incrível Sequestro de Oswaldo Guendãdiz, tem como alvo a corrupção na política brasiliense.
“O Ilúdio é um personagem criado pelo Mateus Bassan (um dos integrantes) no seu vlog e decidimos criar a peça a partir dele”, conta o ator Alexandre Soca. Além deles, Os Fantásticos contam com Waldemar Osmala e Raphael Da Matta.