Andréia Castro
Especial para o Jornal de Brasília
A distância entre as pessoas na sociedade contemporânea inspirou a bailarina Eva Schul na direção de Tão Longe, Tão Perto, Tão Perto, TÃO, espetáculo que a Ânima Cia de Dança apresenta hoje, às 21h, no Espaço Cultural Mosaico. 
A montagem estreou em 2008 no Rio Grande do Sul e mostra a dança em seu estado latente. No palco, duas bailarinas encarnam os desafios da falta de comunicação e diálogo nas cidades. “O voyeurismo hoje é comercializado em realities shows. Queríamos que as pessoas sentissem as relações humanas de verdade e não de forma maquiada, como mostram na televisão”, afirma a diretora. Ela explica que o cenário é uma instalação e o público é convidado a espiar as duas mulheres se expondo emocionalmente em desencontros, enganos, medos e barreiras.
“Trazemos neste trabalho a transparência sobre a emoção, elemento desvalorizado por esta sociedade da indústria cultural, buscando a humanização por meio da arte”, acrescenta. Ao entrar no teatro, o público tem a opção de caminhar pelo local como se estivesse realmente invadindo a privacidade das dançarinas.
improviso
Quando se fala em dança contemporânea no Rio Grande do Sul, o nome de Eva é facilmente lembrado. Ela é conhecida por sua técnica e estética em que os movimentos da dança unem-se às experiências de consciência corporal misturadas à improvisação. O que será visto em cena, inclusive, é baseado em improvisos e experimentações de Eva e das duas bailarinas que contracenam no espetáculo. “Eu estava longe de Porto Alegre à época da construção do espetáculo e tudo foi criado midiaticamente”, revela.
A Ânima Cia de Dança foi fundada no ano de 1991, quando Eva Schul voltou a viver em Porto Alegre. A primeira apresentação do grupo se deu no ano de sua fundação, no teatro Cacilda Becker (RJ), dentro do projeto Olhar Contemporâneo de Dança. A companhia tem uma série de prêmios acumulados e os bailarinos e atores podem participar do workshop gratuito Leituras do Gesto, ministrado por Schul, também hoje, às 14h.
