O próximo filme protagonizado por Federico Luppi, um drama com tons amáveis e “elementos surrealistas”, aborda a situação dos milhares de argentinos na crise financeira que o país viveu no final de 2001.
Trata-se de “Verano Amargo” (verão amargo, em tradução livre), dirigido por Juan Carlos Desanzo e que está atualmente em fase de pós-producão, como explicou à Agência Efe seu co-roteirista e co-produtor, Julio Bove.
Interpretado, além disso, pela espanhola Ana Fernández, com Gabriel Corrado, Gustavo Garzón, Esther Goris e Susana Hornos, entre outros, o filme retrata o desespero com o qual milhares de argentinos afrontaram o congelamento de seus fundos bancários durante a crise.
“Tem uma ressonância totalmente atual”, assegurou Bove – que assina a história na qual se baseia o filme junto com Fabiana Medici – em uma entrevista no mercado do cinema realizado ao mesmo tempo que o Festival de Cannes.
Luppi interpreta um músico diabético (Antonio Funes) que descobre quando vai à farmácia que já não podem vender sua medicação fiado e que, quando vai a seu banco, comprova que não pode dispor de seu próprio dinheiro.
Desesperado, ele vai ao banco com uma granada de mão falsa, o que desencadeia a trama do filme, no qual outros cidadãos vivem o drama de ter de suportar as condições de um verão em que, inesperadamente, se encontram sem dinheiro.
Na fita aparecem os “praieiros”, aqueles argentinos que iam ao banco dia sim e dia também porque precisavam do dinheiro para tirar férias, atrasadas repetidamente.
O filme aborda a situação incrível do “que aconteceria a alguém que não tem mais como seguir adiante, não tem mais dinheiro e que não pode sacar nada de seu banco”.
“Luppi está maravilhoso, de parabéns”, afirmou Bove, que disse que a estreia na Argentina ainda não está marcada, embora fique provavelmente para depois da Copa do Mundo da África do Sul com a intenção de que o filme possa ser levado ao Festival de San Sebastián (de 17 a 25 de setembro).