
O palco da Caixa Cultural recebe, a partir desta sexta até domingo, a peça Nosso Estranho Amor, drama sobre relacionamento dirigido pelo mineiro Cláudio Dias. O texto expõe, com situações simples e pequenos diálogos, a relação ilógica do casal em cena e mergulha na delicadeza e na incoerência do conceito de amor.
Aliás, novelas de Samuel Beckett, canções de Caetano, textos de Albert Camus e poemas do ator e dramaturgo João Valadares, inspiraram o enredo de Nosso Estranho Amor. A peça trata de pessoas que se apaixonam, em situações extremas, de personagens que se definem pelo que perderam, pelo que não têm, pelo que lhes falta. Apesar dessas condições, e dos pequenos absurdos cotidianos, parecia coerente que se apaixonassem. As canções de Caetano Veloso são executadas, ao vivo, pelos músicos André Milagres (violão) e Luiza Anastácio (violino). O texto falado pela atriz Fabiana Loyola é, em parte, retirado de letras de músicas do compositor baiano, como se a mulher encontrasse paralelo entre o homem por quem se apaixonou e as personagens das canções de que tanto gosta.
Com direção de Claudio Dias, a peça é uma livre adaptação do enredo da novela Primeiro Amor, em diálogo com as novelas O expulso, O Calmante e O fim, de Samuel Beckett – um dos autores de vanguarda do teatro do absurdo. Para a composição das personagens, João Valadares e Fabiana Loyola beberam dessa estética. Os “sem-teto”, apresentados por Beckett, foram o ponto de partida para que a Preqaria Cia de Teatro (MG) criasse sua própria dramaturgia. Na montagem, o grupo sugere leitura metafórica dos textos originais. Nela, a situação de morador de rua, do protagonista, se evidencia como a falta do amor.
Nosso Estranho Amor – Nesta sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h. No Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4). Ingressos a R$ 20 (inteira). Não recomendado para menores de 14 anos.