O Conic abre, nesta sexta-feira (28), a maior exposição já desenvolvida pelo projeto Um Olhar Sobre a Cidade. A mostra, que permanece em cartaz até o aniversário de Brasília, simboliza um passo decisivo no fortalecimento da arte produzida na capital e na consolidação do Setor de Diversões Sul como um território cultural ativo. Desde abril, a Galeria Aberta do Conic vem recebendo ações e pequenas ocupações artísticas; agora, alcança seu momento mais amplo e representativo.
Nesta nova fase, quatro artistas — Lourenço de Bem, Paulo Araújo, Loreni Schenkel e Xico Oliveira — apresentam obras que emergem de suas experiências com Brasília e suas múltiplas camadas. As criações abordam temas como memória urbana, diversidade, mobilidade e imaginação de futuro, ampliando a presença da produção brasiliense no espaço público e convidando o público a reolhar o centro da cidade.

Para a prefeita do Conic, Flávia Portela, esta etapa marca mais do que uma ampliação de programação: trata-se da validação de um processo coletivo que vem sendo cultivado por artistas, movimentos culturais, produtores e pela própria comunidade do Conic ao longo de muitos anos.
“Esta é a maior exposição que o Conic já recebeu dentro do projeto, e isso diz muito sobre o talento dos artistas de Brasília. A Galeria Aberta vai se firmando como um espaço permanente de arte, construído de forma acessível, democrática e afetiva”, afirma. Para ela, inaugurar essa fase representa transformar um território historicamente marginalizado em referência cultural: “É uma conquista política e afetiva. A cidade também se constrói a partir de suas margens, dos contrastes e da diversidade humana que pulsa aqui”.

No território do Conic, a iniciativa simboliza continuidade e resistência. A arte deixa de ser pontual e passa a integrar o cotidiano do espaço, fortalecendo sua identidade cultural, valorizando artistas independentes e protegendo a memória de um lugar que, por décadas, foi espaço de encontro e convivência no centro da cidade.
Reaproximação da população
Nos últimos meses, o Conic tem retomado protagonismo cultural no Setor de Diversões Sul — movimento que, segundo Flávia Portela, tem raízes em ações contínuas da Prefeitura do Conic ao longo de 20 anos. O projeto Um Olhar Sobre a Cidade surge como mais um passo nessa retomada e aprofunda o impacto na relação da população com o SDS.
Ela explica que a reocupação simbólica devolve vitalidade a um espaço que já foi associado ao abandono e à insegurança. “O Conic ressurge com eventos, feiras, coletivos e ocupações artísticas. O que antes era visto como ‘lugar a evitar’ volta a ser espaço de encontro, fruição e diversidade”, diz Flávia. Esse movimento atrai novos públicos, amplia o sentimento de pertencimento e fortalece a identidade do SDS como território de resistência e pluralidade, onde convivem estudantes, artistas, comerciantes populares, movimentos sociais e população em situação de rua.

A reativação cultural também estimula o comércio local, cria novas narrativas sobre o centro e reacende debates importantes sobre inclusão social. “A revitalização precisa acolher quem sempre esteve aqui. A ideia é reocupação social, não substituição”, reforça.
Arte como narrativa da cidade
As obras desta edição, que abordam memória, diversidade urbana e futuro, também reafirmam o papel dos artistas brasilienses na construção simbólica da cidade. Para Flávia Portela, a presença deles no espaço público é essencial.
“Quando artistas locais ocupam a paisagem urbana, eles reivindicam o direito de contar a cidade a partir de suas próprias vivências. Brasília não é apenas seus monumentos: é feita de memórias afetivas, coletivas e periféricas que esses artistas revelam”, afirma. Segundo ela, essa ocupação democratiza o acesso à arte, fortalece identidades diversas e projeta visões de futuro mais humanas e múltiplas — imaginadas por quem realmente habita a capital.
Próximos passos
Com a mostra, o sarau de poetas, a intervenção sobre mobilidade urbana e o painel digital Um Olhar Sobre a Cidade, o Conic amplia ainda mais sua programação cultural. E há novos planos pela frente.
“A ideia é termos um calendário permanente de arte e cultura. Esta etapa do projeto ficará até abril do próximo ano e prevê visitação guiada, palestras e oficinas, aproveitando os inúmeros auditórios e espaços de convivência que o complexo oferece”, adianta Flávia. “Somos um conjunto com 15 prédios, todos aptos a receber atividades que atraiam visibilidade e o público que ama esta cidade e sua cultura”.
Serviço
Data: 28/11
Horário: 19h às 23h
Local: Edifício Boulevard – Sobreloja, Conic