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Exposições

CCBB Brasília apresenta exposição com acervo do MAM Rio

Mostra do MAM Rio chega à capital em versão ampliada, com cerca de cem obras, e propõe um percurso cronológico e acessível pela arte brasileira dos séculos 20 e 21

Camila Coimbra

19/12/2025 5h00

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Foto: Camila Coimbra/Jornal de Brasília

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília inaugurou, nesta nesta semana, a exposição Uma história da arte brasileira, realizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio). Em versão ampliada, a mostra reúne cerca de cem obras do acervo do museu e propõe um panorama da produção artística nacional entre os séculos 20 e 21, reforçando o compromisso das instituições com a democratização do acesso à arte.

Com curadoria de Raquel Barreto e Pablo Lafuente, a exposição ocupa o térreo e o subsolo da Galeria 1 do CCBB, tem classificação livre e entrada gratuita. O percurso é organizado de forma cronológica e reúne obras em diferentes suportes de nomes centrais da arte moderna e contemporânea brasileira, como Candido Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica, Leonilson, Beatriz Milhazes, Sebastião Salgado, Tomie Ohtake e Tunga, entre outros.

A curadora Raquel Barreto destaca que o próprio título da exposição já indica a proposta conceitual da mostra. “O uso do artigo indefinido é proposital. A gente não tem a pretensão de contar a totalidade da história da arte brasileira, mas de apresentar uma narrativa possível sobre essa história”, afirma. Segundo ela, o recorte cronológico foi pensado como uma ferramenta didática, capaz de ajudar o público a se situar no tempo e compreender como movimentos e artistas se relacionam. “A ideia é que as pessoas que não conhecem tanto de arte brasileira consigam perceber uma temporalidade, uma espacialidade e entender como determinados movimentos sucederam outros e qual é a posição de alguns artistas dentro dessa história”, explica.

Raquel ressalta ainda que um dos desafios da curadoria foi equilibrar nomes consagrados com artistas menos conhecidos, mas igualmente relevantes. “Era importante trazer artistas canônicos, como Portinari, Guignard ou Lygia Clark, mas também apresentar outros artistas contemporâneos a eles, que trabalharam questões semelhantes e que, por diferentes razões, ficaram fora do cânone”, diz. Para a curadora, essa escolha amplia o olhar do público e tensiona narrativas já consolidadas sobre a arte no país.

Organizada em cinco núcleos, a exposição tem início no modernismo, entre as décadas de 1910 e 1950, período marcado pela construção de uma identidade nacional na arte. Em seguida, avança para o abstracionismo e o concretismo dos anos 1950, momento de institucionalização da arte brasileira, impulsionado pela criação da Bienal de Arte de São Paulo e dos museus de arte moderna. Os anos 1960 e 1970 aparecem como um período de forte experimentação e engajamento político, em diálogo com o contexto da ditadura militar.

Nos eixos finais, a mostra percorre a retomada da pintura nos anos 1980, a pluralidade dos anos 1990 e as transformações mais recentes da produção artística brasileira. “Esse trecho final amplia o olhar para artistas de diferentes regiões do país e para produções que questionam os cânones tradicionais, especialmente a partir de questões de identidade, gênero e raça”, observa Raquel Barreto.

Outro destaque da montagem em Brasília é a inclusão da fotografia como linguagem central da história da arte brasileira, a partir do comodato Joaquim Paiva. O recorte valoriza o fotojornalismo e artistas como Sebastião Salgado, evidenciando como a fotografia também construiu narrativas fundamentais sobre o Brasil.

Para Raquel, contar a história da arte brasileira é sempre um exercício provisório. “Se essa exposição fosse feita daqui a cinco ou dez anos, ela certamente seria outra. A história da arte está em constante revisão e construção, e a mostra assume esse caráter aberto”, afirma.

Como ação de acessibilidade, o público pode utilizar gratuitamente a van do projeto “Vem pro CCBB”, que faz o trajeto entre a Biblioteca Nacional e o CCBB Brasília, de quinta-feira a domingo.

A exposição Uma história da arte brasileira fica em cartaz até 8 de fevereiro de 2026, com visitação gratuita, e convida o público a revisitar trajetórias, repensar narrativas e reconhecer a diversidade da produção artística no país.

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