O que era para ser apenas uma visita à exposição Beyond Van Gogh, tornou-se uma fonte poderosa de inspiração para o artista plástico ModíSilvarolli. Imerso pela obra projetada na galeria, o paulistano decidiu recriar um dos famosos autorretratos do gênio holandês.
Assim nasceu o quadro Beyond Time, cuja técnica singular substitui as prestigiadas pinceladas de Van Gogh por lixo tecnológico, materiais descartados, como chips, placas de computador, cabos, tomadas e todo tipo de parafernália eletrônica, reutilizados aqui no conceito em voga “UPCYCLING”, que reaproveita e ressignificamateriais descartados. Em Beyond Time o artista transporta uma arte do pós-impressionismo para o pós-moderno, sem perder a expressão do original.
O quadro chamou tanto a atenção da curadoria da mostra que passará a ser exposto em Brasília,junto às demais atrações da galeria a partir de 20 de setembro, oferecendo outra aproximação entre Van Gogh e a tecnologia, algo também explorado pelas projeções de última geração da exposição. A obra, exposta no Café Van Gogh, onde a visitação é gratuita, estará à venda no local.

Artista plástico há 15 anos, Modí explica que a elaboração desse trabalho provocou um divisor de águas em sua carreira, sempre atrelada ao inusitado. “Antes dela, pintava com as mãos diretamente sobre placas acrílicas transparentes, a chamada pintura reversa. Mas agora confesso que senti tanto entusiasmo ao fazer esta obra que já comecei a juntar tudo que
é tipo de material coletado para começar a próxima UPCYCLING ART!”, destaca.
“Van Gogh estava além de seu tempo, por isso o nome da obra Beyond time (do inglês, além do tempo). Talvez por ele estar à frente não foi devidamente compreendido em vida. Hoje, ele é reverenciado mundialmente por sua história e principalmente por ter trazido um novo olhar artístico para a humanidade”, analisa.
A transformação resultou numa obra que não passa despercebida. Com 25 quilos e quase um metro quadrado, Beyond time possui centenas de peças cortadas, todas fixadas por parafusos, sem uso de tinta ou cola. É perceptível a extrema dedicação que o artista teve para ressignificar as pinceladas do mestre utilizando apenas objetos rígidos, os quais foram encaixados minuciosamente até reconstruir a figura de Van Gogh. Os visitantes interessados em entender mais sobre o processo de criação da obra, através de textos, fotos e vídeos do processo, poderão acessar um QR code no local.
O paulistano celebra a honra de poder homenagear Van Gogh na maior exposição imersiva sobre o pintor. “É o meu pintor favorito. Participar de uma exposição dessa magnitude e estar junto com as obras de um grande mestre é um verdadeiro privilégio”, emociona-se. “É uma experiência estrelada”, brinca.