Andréia Castro
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Uma reflexão sobre a vivência em grandes cidades permeia as diferentes manifestações artísticas da exposição Situações Brasília, que fica no Museu Nacional da República até 28 de outubro. O evento reúne artistas contemporâneos de vários estados brasileiros que não estão nos circuitos tradicionais do eixo Rio-São Paulo, escolhidos a partir de um edital de seleção. Com entrada franca, pinturas, esculturas, fotografias, vídeos e instalações podem ser conferidas de terça a domingo, das 9h às 18h30.
A exposição é parte do projeto Prêmio Situações Brasília, idealizado pelo artista plástico e curador Evandro Salles para resgatar uma tradição de premiações em artes plásticas na capital. “A ideia era estabelecer novas políticas de formação de acervo para o museu e para a cidade, além de retomar a criação de eventos nacionais que congreguem artistas nacionais artistas e experientes ”, explica Salles. “O último evento com esse intuito foi feito em 1998. Já era hora de voltarmos os olhos para essa carência da cidade”, completa.
O prêmio recebeu mais de 500 inscrições e contou com um júri formado pela curadora Cristiana Tejo e por Wagner Barja, diretor do museu, além do próprio Salles. Além dos 20 selecionados, estão presentes ainda cinco artistas convidados cujos trabalhos foram adquiridos por R$ 10 mil para integrar o acervo da instituição.
ARTISTAS
Obras de Marcelo Silveira (PE), Pedro Motta (MG), Milton Marques (DF) e Laura Lima e Paula Trope (RJ) agora fazem parte da coleção do museu. Dentre os artistas que compõem o evento, Salles destaca o brasiliense Milton Marques. “Ele é um artista extraordinário”, elogia.
Segundo o curador, a contribuição de Milton para o projeto remete à sua história pessoal. “O Milton sofreu um assalto em sua casa e acabaram levando o seu computador e, com ele, diversos trabalhos, fotos e materiais. Ele acabou transformando essa violência em arte e o resultado pode ser visto na exposição”, destaca.
Dos 20 artistas selecionados, quatro tiveram as obras compradas pelo museu, também por R$ 10 mil. Os escolhidos foram André Terayama, de São Paulo, com a série Esculturas de Segundos; Ricardo Burgarelli e Luiza Horta, de Minas Gerais, com Arquivo de Obras em Acabamento; e Pedro David, também de Minas Gerais, com a obra Sufocamento, da série Madeira de Lei.
O evento reúne artistas contemporâneos de vários estados brasileiros: oito de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro, quatro de Minas Gerais, um do Rio Grande do Sul e um do Paraná. E do total de trabalhos selecionados, apenas dois artistas são de Brasília: Yana Tamayo e Carol de Góes.
“Brasília é a capital do País e não pode pensar pequeno. Revelar artistas e montar acervos é uma preocupação que tem que ser levada a sério. E, para isso, é necessário investimento”, conclui. O projeto conta com o investimento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).