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Mistura Geral celebra diversidade cultural e vozes invisibilizadas

Festival com três dias de shows gratuitos e um line-up que une tradição e inovação musical no Teatro dos Bancários

Alexya Lemos

05/09/2025 5h00

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Ane Êoketu. Foto: Divulgação

Até domingo, o Teatro dos Bancários será palco da quarta edição do Mistura Geral, festival que integra o projeto Brasília é Cultura. Com entrada gratuita mediante doação de 1kg de alimento não perecível, o evento aposta em uma curadoria que equilibra nomes consagrados e talentos emergentes, promovendo encontros entre a tradição e a contemporaneidade.

Com foco em diversidade cultural, inclusão e economia criativa, o Mistura Geral 2025 oferecerá intérprete de Libras em todos os shows. A programação, distribuída ao longo de três dias, propõe não apenas entretenimento, mas também um espaço de visibilidade para vozes historicamente marginalizadas.

“Sentimos que essa mistura entre os artistas fortalece o que cada um representa na nossa sociedade e na cena cultural”, afirma Amara Hurtado, coordenadora geral do festival. “É um momento da gente, enquanto evento cultural, também ser uma voz ativa de valorização dessas temáticas e dessas vozes que quase sempre ficam invisibilizadas.”

Ancestralidade, percussão e soul

A abertura do festival, hoje, às 19h, será conduzida pela percussionista e compositora Ane Êoketu (capa), cuja trajetória artística nasceu nas rodas de capoeira em Sergipe. Hoje radicada em São Sebastião (DF), Ane leva ao palco seu álbum autoral Eu já passei pelo fogo, trabalho que une ancestralidade afro-brasileira, ativismo social e resistência feminina. A artista também se destacou em projetos como o Take Laje e em bandas que enfrentam desigualdades por meio da arte.

Na sequência, quem assume o palco é a premiada cantora Paula Lima, com o show Soul Lee, um tributo a Rita Lee. Misturando soul, funk e o que a artista chama de black’n’roll, Paula interpreta clássicos como “Mutante” e “Ovelha Negra”, renovando o legado da roqueira com sua identidade sonora e celebrando o empoderamento feminino. Com mais de 20 anos de carreira e passagens por palcos internacionais, Paula Lima também acumula indicações ao Grammy Latino.

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Paula Lima. Foto: Divulgação

Ritmos do Norte e fusões latino-amazônicas

Amanhã, o Mistura Geral volta os olhos e ouvidos para os ritmos amazônicos. Às 19h, a cantora Emília Monteiro, natural do Amapá e radicada em Brasília, apresenta seu show baseado no disco Cheia de Graça. A obra mescla marabaixo, zouk e carimbó, com produção assinada por João Ferreira, indicado ao Grammy. Emília também é fundadora do bloco Bora Coisar, que já levou mais de cinco mil foliões às ruas do DF com ritmos do Norte.

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Emilia Monteiro. Foto: Divulgação

Logo depois, o multi-instrumentista e compositor paraense Saulo Duarte sobe ao palco com o show Baile do Terceiro Mundo, em que funde reggae, funk e ritmos latino-amazônicos como a guitarrada. Com carreira solo consolidada, Saulo venceu o Prêmio da Música Brasileira e tem no currículo colaborações com artistas como Russo Passapusso. No festival, ele apresenta releituras de seus discos, incluindo o recém-lançado Digital Belém (2024), após turnê pela Bienal de Dança do Ceará.

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Saulo Duarte. Foto: Divulgação

Vozes femininas e encerramento com força simbólica

O encerramento do Mistura Geral, no domingo (7), destaca duas artistas que usam a música como forma de reverência à mulher brasileira.

A primeira delas é Layla Jorge, que apresenta seu álbum de estreia, Toda Mulher, lançado pela gravadora Biscoito Fino. A obra homenageia mulheres comuns — lavadeiras, benzedeiras, curandeiras — e estabelece pontes com grandes nomes da MPB como Chico Buarque e Milton Nascimento. O disco conta ainda com participações especiais de Zélia Duncan e Cátia de França.

Fechando o festival com chave de ouro, sobe ao palco a luminosa Virgínia Rodrigues, uma das grandes vozes da música brasileira contemporânea. Reconhecida por sua capacidade de unir canto lírico e raízes afro-brasileiras, Virgínia entrega uma performance que transcende gêneros e fronteiras estéticas, reafirmando a potência da música como veículo de identidade, espiritualidade e emoção.

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Virginia Rodrigues. Foto: Divulgação

Mistura como ato político e celebração coletiva

Mais do que um festival, o Mistura Geral se consolida como um espaço de afirmação da cultura popular, da convivência entre diferentes narrativas e do fortalecimento da cena artística local. Para a organização, trazer a Amazônia, os povos originários e as periferias ao centro da programação é também uma forma de resistência.

“Nesse momento, falar da Amazônia, do meio ambiente e dos povos originários é uma questão importantíssima diante do que a gente está passando no Brasil”, ressalta Amara Hurtado. “Brasília tem um potencial incrível, e por mais que a gente traga artistas de fora, é sempre fundamental celebrar e mostrar a potência que essa cidade tem.”

“Nesse 7 de setembro, o Mistura fica feliz de estar na rua celebrando a vida de cada um, de cada cidadão, da nossa democracia, com cultura, com música e de forma gratuita para todas as pessoas.”

Mistura Geral 2025
Quando: 5 a 7 de setembro, às 19h
Onde: Teatro dos Bancários, Asa Sul EQS 314/315 Bl. A
Entrada gratuita (mediante doação de 1kg de alimento não perecível), retirada de ingresso pelo site
Acessível com intérprete de Libras em todos os shows

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