A partir desta segunda-feira (11) até o dia 24 deste mês, Brasília será palco de uma transformação urbana e artística inédita. A capital federal recebe o Festival Vulica Brasil 2025, que reúne nomes consagrados da arte urbana mundial para a criação de 11 murais monumentais em prédios do Setor Comercial Sul (SCS) e do Setor de Diversões Sul (SDS), o popular Conic. O festival marca a retomada do formato original do projeto, após cinco edições realizadas em Minsk, Belarus, entre 2014 e 2019.
A iniciativa é viabilizada por meio da Lei Rouanet, com apoio da Seleção Petrobras Cultural, e traz como proposta central a reocupação artística de espaços urbanos, fortalecendo o eixo cultural da região central da cidade. Entre as parcerias locais estão o Instituto No Setor e o SESI Lab, onde será realizada a comemoração de encerramento, no dia 24, com entrada gratuita para o público.
“O festival em Brasília é apenas a retomada da nossa linguagem clássica, após alguns anos com outros projetos importantes como a exposição Natureza Urbana, no CCBB, e o Acorda, Conic!, que desenvolveu soluções de urbanismo tático para o icônico Conic, ao qual retornamos agora com os murais”, explica Danilo Teófilo Costa, fundador do Instituto Vulica Brasil.


Line-up internacional com protagonismo feminino
O Festival Vulica 2025 reúne artistas de renome nacional e internacional, com destaque inédito para a presença feminina. O line-up conta com JUMU (Alemanha/Peru), Ledania (Colômbia), Rowan Bathurst (EUA), Hanna Lucatelli (SP) e Juliana Lama (DF), que representam a diversidade e a potência da arte urbana feita por mulheres.
A paulistana Hanna Lucatelli transforma muros em poemas visuais com uma abordagem poética do feminino, enquanto Juliana Lama, artista de Brasília com raízes manauaras, explora o lambe-lambe em conexão com a floresta e os saberes amazônicos.
JUMU, de origem peruana e boliviana, traz uma estética vibrante com forte presença gráfica. A americana Rowan Bathurst aposta em murais figurativos que conectam cidade, natureza e identidade. Já Ledania, de Bogotá, é um dos grandes nomes do grafite latino-americano, com murais repletos de criaturas fantásticas e elementos da natureza.
“A linguagem artística é universal, na nossa concepção, e quanto maior a mistura de culturas, melhor. Desde 2014, nossa proposta é propiciar o diálogo entre culturas, entre artistas do Brasil e de outros países, o que acaba levando ao enriquecimento mútuo de ideias e técnicas de pintura”, destaca Danilo.
Muralismo brasileiro em destaque
Entre os nomes brasileiros, o festival reúne lendas da arte urbana como L7Matrix (SP) e Zéh Palito (SP), veteranos das edições do Vulica em Belarus. Zéh é conhecido por sua estética orgânica e por celebrar a espiritualidade afro-brasileira e a conexão com a natureza. L7Matrix, por sua vez, funde elementos da arte erudita com o grafite, como no mural “Quatuor Tempora”, ainda em exibição em Minsk.
Também integram o line-up o coletivo goiano Bicicleta Sem Freio, com sua arte psicodélica e neotropicalista; o brasiliense Toys Daniel, cujas criações mergulham em universos oníricos e folclóricos; o grafiteiro Enivo, com sua abordagem afrofuturista e indígena; e Rafael Sliks, que alia caligrafia urbana à abstração espiritual com técnica refinada.



“Todos os murais são inéditos, sempre, em nossos festivais. Privilegiamos a experimentação de linguagens e materiais, a inovação estética. Nós incentivamos os artistas a ampliar seus horizontes criativos. Brasília pode esperar 11 murais monumentais lindos e jamais vistos até então”, garante o fundador.
Mapa urbano da arte
Os murais serão pintados nas quadras 1 e 5 do SCS e nas fachadas internas do Conic. Estão confirmadas:
- Zéh Palito e Hanna Lucatelli – SCS
- Enivo, Ledania, Bicicleta Sem Freio e L7Matrix – Conic
- Toys Daniel (FBT Norte), JUMU (FBT Oeste) – Conic
- Rafael Sliks (Edifício Darcy) – entre o Teatro Dulcina e o Venâncio III

O Instituto Vulica, hoje uma associação sem fins lucrativos focada em arte e sustentabilidade, nasceu no Conic, onde teve sede física entre 2021 e 2022, na galeria da Fundação Brasileira de Teatro.
“Temos um carinho especial pelo local. O espaço urbano de Brasília é desafiador, por ser tombada pela UNESCO. O SCS e o Conic apresentam desafios adicionais, em função da diversidade de residentes dos edifícios escolhidos, com diferentes graus de abertura à arte urbana”, pontua Danilo.
Programação cultural aberta ao público
Além dos murais, o Festival Vulica 2025 oferecerá ao público oficinas, rodas de conversa, walking tours, live paintings e palestras com os artistas. A programação culmina com a festa de encerramento no SESI Lab, no dia 24 de agosto, com entrada gratuita.
A cobertura do festival será realizada pelo coletivo Instagrafite e pela equipe Vulica nas redes sociais.
“O desafio do Vulica é transformar diferentes visões em conexões interculturais. Brasília tem enorme potencial para dialogar com a arte urbana e queremos mostrar isso no festival, sempre respeitando o patrimônio arquitetônico tombado da cidade”, finaliza Danilo.
Sobre o Instituto Vulica Brasil
Fundado como plataforma de arte pública, o Instituto de Arte e Sustentabilidade Vulica Brasil atua na interseção entre arte, urbanismo e diversidade. Em suas ações, prioriza a diversidade étnica, de gênero e social, promovendo artistas de diferentes origens e trajetórias.
Festival Vulica Brasil 2025
Quando: e 11 a 24 de agosto
Onde: Setor Comercial Sul e Conic – Brasília
Entrada gratuita nas atividades e na festa de encerramento (24/08, SESI Lab)
Acompanhe: @vulicabrasil | @instagrafite