Andréia Castro
Especial para o Jornal de Brasília
Esta semana se comemoram os seis anos de existência da Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para inibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Há oito meses, uma bela iniciativa em defesa da causa ganhou os palcos brasilienses. Bye Bye Baby e Outras Mulheres, que já se apresentou para estudantes da Estrutural e do Cruzeiro, chega a Ceilândia em setembro.
Apesar de a lei ter propiciado avanços na luta pela igualdade de gêneros, ainda é grande o número de mulheres que sofrem em silêncio. Muitas vezes, por falta de informação. Com o objetivo de conscientizar, prevenir e debater a questão da violência doméstica, a Companhia Teatral Pátria Amada, que faz parte da Secretaria de Segurança Pública do DF, recebeu da delegada-chefe Ana Cristina Mello, da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), a tarefa de produzir um espetáculo teatral com essa temática.
A apresentação, que encerraria um seminário promovido pela delegacia em questão, criou vida própria e não parou mais. De autoria da policial civil Lívia Fernandez, o espetáculo conta com técnicas de encenação, coro, máscaras, bonecos, recursos audiovisuais e o acompanhamento de uma banda. “Bye Bye Baby… mostra um caso de violência doméstica ambientando em 2006. Baby é oprimida pelo marido, Arlindo, que em determinado momento parte para a agressão. É quando convidamos a plateia a interagir com a história”, explica Lívia.
Formada por 20 pessoas, a equipe é composta de policiais civis e militares, além de artistas da cidade – que participam do projeto de forma voluntária. Segundo a policial, que atua e dirige a montagem, um lar desfeito pode causar outros crimes. “Além de traumático para a mulher, a violência doméstica pode fazer com que a criança saia de casa. Nas ruas, ela acaba também cometendo crimes e assim por diante. A peça é voltada para a prevenção criminal. Esse é o nosso interesse: informar para prevenir”, revela a autora.
RESULTADOS
Ao final, é passado um questionário e os espectadores têm a possibilidade de avaliar e repercutir o que lhes foi mostrado. “Percebemos o resultado em tempo real, mas essa pesquisa também será importante para avaliar a relevância e eficácia do teatro para tratar de um tema de segurança pública”. Segundo ela, a delicadeza do tema faz com que a abordagem seja mais leve e indireta. “Assim, não assustamos, nem intimidamos ninguém”, agrega. E completa: “Quando dizemos que somos policiais, as pessoas se surpreendem. A parceria entre nós e a comunidade está sendo muito benéfica e a aceitação é imensa”.
O projeto será encenado em Ceilândia em setembro, e não deve parar por aí. “Estamos sendo chamados para encenar Bye Bye Baby… em diversos órgãos públicos. A peça é novinha e ainda promete”, finaliza Lívia.
Ontem à noite, em comemoração ao aniversário da lei Maria da Penha, a montagem foi apresentada como uma das ações que fazem parte do pacote de medidas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no enfrentamento da violência. O órgão ajuizou, nessa semana, a primeira ação regressiva para colaborar com o enfrentamento à violência contra a mulher, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região de Brasília. O objetivo é cobrar dos agressores, na justiça, o ressarcimento dos valores pagos com benefícios gerados pela violência doméstica contra as mulheres.