Camila Maxi
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Curiosas engrenagens e desenhos ocupam o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) e o Museu Nacional dos Correios. Esbanjando graça, as criativas obras do chinês Cai Guo-Qiang compõem a mostra Da Vincis do Povo, a primeira exposição individual de Cai no País, que perdura até 31 de março. Após a temporada na capital, as obras seguem para São Paulo e Rio.
“Para esta exposição eu planejei manter um diálogo mais direto com a cultura do Brasil. No processo, interajo com o público brasileiro por meio do processo de criação do desenho de pólvora”, revela o chinês.
Ele conta que a mostra é um tributo à criatividade de todos os inventores que, assim como Leonardo Da Vinci, representam a curiosidade humana e o desejo de explorar mundos desconhecidos. Cai reuniu engenhocas artesanais criadas por camponeses para viajar o mundo, como aviões e navios.
Os novos trabalhos de Cai são inspirados em suas andanças pelo País em 2012, quando presenciou ensaios das escolas de samba no Rio de Janeiro e visitou fábricas de fogos de artifício e pirotécnicos em Minas Gerais. “Eu já vim ao Brasil várias vezes. Estive no Museu de Arte Moderna da Bahia fazendo canhões para um projeto de arte social intitulado Salute. Também participei da Bienal de São Paulo por duas vezes, em 1996 e 2004”, relembra Cai.
Premiado
Ele coleciona diversos prêmios em seu currículo. O curioso chinês é natural de Quanzhou, província de Fujian, na China. Mas mora em Nova York, mesmo sem falar inglês. Entre tantas peças que chamam a atenção, o público pode conferir robôs que caminham, trabalham e até pintam. Alguns recordam o trabalho de artistas contemporâneos como Jackson Pollock, Damien Hirst, Yves Klein e Bruce Nauman e produzem quadros, que estão à venda.
Pólvora e fogo como materiais para a criação
Um dos destaques da exposição são os desenhos feitos à mão com pólvora. O processo foi feito na presença do público. Cai cria a situação para que a obra aconteça, evocando energias para sacramentar seus traços por meio do fogo, utilizando materiais artesanais.
“Quando faço desenhos de pólvora, o público experimenta as mesmas emoções que eu. Ele compartilha o mesmo entusiasmo e ansiedade. Fica aguardando ansiosamente para ver o resultado final. Em certo sentido, os destinos do artista e do público se amarram e tornam-se um só”, define.
Quem estiver curioso para saber como é o processo de desenvolvimento dos desenhos e como foi a explosão, pode conferir os vídeos transmitidos na ala onde as obras estão sendo expostas, no CCBB.
Não é a primeira vez que Cai faz esta arte explosiva. Ele foi o responsável pelas elogiadas queimas de fogos na abertura das Olimpíadas de Pequim, em 2008.