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Editoras lançam livros eletrônicos, uma boa opção para amantes da leitura e tecnologia

Arquivo Geral

26/08/2012 17h37

Andréia Castro

Especial para o Jornal de Brasília

 

Recentemente o fenômeno Cinquenta Tons de Cinza surpreendeu o mercado editorial vendendo milhões de exemplares antes mesmo de existir em formato físico. O título foi lançado como e-book pela autora, E.L. James, e foi a sensação do mercado digital este ano. Seja por economia ou praticidade, cada vez mais adeptos trilham o caminho eletrônico dos e-books. Só no Brasil, já são mais de 1,5 mil títulos nacionais em versão digitalizada.

 

Eles não ocupam espaço e não há riscos de dobrarem, amassarem ou molharem na chuva. A portabilidade é outra grande vantagem dos livros eletrônicos, já que o leitor pode comprar um e-book de qualquer canto do mundo pela internet e, em poucos minutos, começar a lê-lo. 

Para a universitária Géssika Mayumi, de 21 anos, “é uma nova maneira de encarar o livro. A criação do e-book facilita muito para quem não tem muito espaço para livros ou se incomoda com o peso deles na mochila”.  

 

carência

Mesmo com tantas vantagens, ela acredita que ainda falta muito para o mercado nacional competir com outros países. “Digo por experiência, já que a grande maioria dos livros que leio é estrangeira por falta de variedade no catálogo brasileiro”, critica. 

 

Outro problema é em relação ao valor. “Hoje, é duro se aventurar no mundo dos e-books quando não se lê em inglês, francês ou espanhol. Sem contar no preço absurdo que o mercado brasileiro impõe, entre R$ 30 e R$ 70. Atualmente, eu não compraria um e-book no Brasil. Prefiro adquirir o livro físico”, avalia a estudante de História.

 

No mercado brasileiro

O diretor-geral da editora Rai, Roberto Raimundo, não acredita que os e-books possam substituir o livro físico, mas admite que a novidade veio para ficar. “Encaramos como uma mudança de comportamento importante do consumidor, principalmente dos jovens que estão antenados com a tecnologia. Entendemos que o e-book vem para dividir mercado, mas não acabará com o livro tradicional”, garante.

 

Um estudo do Instituto de Pesquisas Pew Research Center, realizado nos EUA, em fevereiro de 2012, revelou que 21% dos americanos afirma já ter lido um livro digital (um aumento de 23,52% em relação aos que afirmavam o mesmo em meados de dezembro). Mostrou também que, entre fevereiro do ano passado e esse, os leitores de livros digitais leram 60% mais títulos que leitores tradicionais (24 e 15 livros respectivamente).

 

Números

No mercado brasileiro, os e-books faturaram R$ 870 mil em 2011, mas ainda representam menos de 0,5% do mercado editorial do País. Um dos grandes empecilhos para a popularização de livros eletrônicos em terras tupiniquins é o fato de nem todos terem aparelhos como o iPad, Kindle e Nook –  os e-readers, que permitem comprar, baixar, pesquisar e ler livros digitais, jornais e revistas.

 

Conselhos de quem já usa

 

O bacharel em Direito Rafael Coelho, de 25 anos, comprou um e-reader recentemente e se apaixonou. “Não tinha o costume de ler livros com frequência e, após a aquisição, simplesmente me viciei. Até mesmo porque carrego uma ‘biblioteca com poucos gramas’ nas costas”, revela, em entrevista.

 

Ele atualmente se prepara para concursos públicos e aconselha os futuros leitores digitais: “Tenho lido livros estrangeiros e usado como  instrumento de estudo. No caso do concurso, ter um livro em formato digital ajuda muito a carregar pouco peso, afinal não quero ganhar uma hérnia de disco”, brinca.

 

Ele aproveita para criticar o catálogo disponível no Brasil. “Acho que as editoras ainda estão muito tímidas nesse nicho dos e-books. Elas estão começando a explorar o mercado com títulos mais recentes. Os livros mais antigos ainda estão prejudicados”, lamenta.

 

Géssika Mayumi, que também tem o  hábito de ler livros virtuais,  aconselha quem quer se aventurar no mundo digital das letras. “Eu costumo ler e-books estrangeiros que eu não compraria pelo preço atual das lojas brasileiras. Também adquiro títulos que me ajudam em pesquisas para a faculdade e que não são de fácil acesso no Brasil. A importação é cara, assim como o frete. Então, é mais fácil adquirir cópias digitais”, recomenda.

 

Site comercializa e-books

De olho nas mudanças no mercado do livro, a editora Rai está se antecipando. “O e-book é um fato, e aqueles que não apostarem nele, podem não continuar no mercado. Mas, neste momento, ele conseguirá apenas complementar o mercado, ou seja, irá dividir as vendas com os impressos”, avalia o editor Roberto Raimundo.

 

A situação dos e-books no País pode mudar com a chegada da Amazon, uma gigante da distribuição de e-books. A multinacional norte-americana cravou o próximo sábado como data para começar sua operação de comércio eletrônico no Brasil.

 

Apesar da empresa ter demorado para demonstrar interesse oficial na venda de e-books no País, isso não impediu editoras e escritores brasileiros de investirem no formato digital. Ao contrário, eles aceleraram a produção. 

 

A oferta total dos exemplares digitais em português já chega a 16 mil títulos. Comparado aos Estados Unidos, o número parece pequeno, mas é significativo já que, em apenas seis meses, foram colocados à venda mais de 5 mil novos e-books, quase 50% de tudo o que era oferecido até fevereiro deste ano.

 

Algumas editoras têm até seus próprios leitores eletrônicos, como a Positivo e a Alfa, e outras preparam apps para tablets e smartphones, como a Saraiva.  E algumas livrarias, como a Fnac e a Cultura, já embarcaram no mundo virtual, vendendo tablets e e-readers.

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