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Viva

Drama na medida certa com o filme "A Busca"

Arquivo Geral

15/03/2013 10h33

Andréia Castro

andreia.castro@jornaldebrasilia.com.br

 

Estreia de Luciano Moura na direção, percebemos logo no início que A Busca foge do lugar-comum. O longa começa como um drama familiar tenso. Em cena, nos deparamos com um pai, Theo (Wagner Moura), em clima de guerra com a mulher, Branca (Mariana Lima), de quem está se separando, e com o filho adolescente, Pedro (Brás Moreau, filho de Arnaldo Antunes).

 

Mas é quando o garoto foge de casa e parte (a cavalo!) em uma viagem improvável, que o filme começa a surpreender, ganhando ares de thriller dramático misturado a road movie, capaz de fazer o espectador prender o fôlego por diversas vezes. Theo vai atrás do filho e a tão anunciada “busca” rende momentos intensos e uma atuação impecável de Wagner Moura, que convence, e muito, como pai desesperado.

 

Enquanto Theo sai em busca do paradeiro de Pedro, o longa mostra que o pai precisou perder o filho de vista para realmente conhecê-lo, além de promover um belo encontro do protagonista com ele mesmo. O personagem do começo do filme certamente não é o mesmo do final. Na última sequência da produção, aliás, temos dois grandes atores, Moura e Lima Duarte, que interpreta seu pai, esbanjando talento dramático numa cena tocante e arrebatadora.

 

Altos e baixos

 

Porém, apresentando furos na edição e algumas sequências vazias, o roteiro de A Busca acaba sendo mal desenvolvido. Com bela fotografia, parece até que o cineasta valoriza mais a estética e carga dramática das cenas em separado, sem pensar muito no todo do filme. Em dado momento do longa, por exemplo, Theo chega a um acampamento por onde seu filho passou, se deparando com uma mulher prestes a dar à luz. Médico, ele faz seu parto às margens de um rio numa cena linda, emocionante, mas rasa se colocada no contexto.

 

Ótimas críticas

Apesar disso, Wagner Moura carrega o filme nas costas e dá conta do recado, fazendo com que a película renda bons momentos. A Busca venceu Melhor Filme no Festival do Rio de 2012 pelo voto popular, além de ter recebido ótimas críticas no Festival de Sundance daquele ano. Nada mal para um diretor recém-saído do mundo da publicidade.

 

 

3 perguntas para o diretor Luciano Moura

Como surgiu a ideia do roteiro?

Eu queria que tivesse a ver com o meu universo, assuntos que eu conheço, como a paternidade. Eu e Elena (Soarez, mulher do diretor) chegamos a essa história do Theo, que é um pai controlador, e como ele convive com essa sensação de vulnerabilidade ao se separar da esposa. Quando o filho desaparece, ele começa uma jornada de descobrimento, passa a conhecer melhor o filho e, principalmente, a si mesmo.

 

E a escolha do elenco? Como foi?

Sempre enxerguei o Wagner (Moura) como Theo e ele fez um personagem incrível. O casal também foi muito feliz, e ele e a Mariana (Lima) se envolveram muito. Ela deu muita intensidade ao papel. Para fazer o Pedro, queríamos um menino que não fosse ator, alguém mais cru. O Brás Antunes fez o teste com outras 1,5 mil crianças e foi uma grata surpresa. Ele fez um Pedro doce, que fala muito com o silêncio. E tem o fato da câmera adorá-lo também. Para o papel de avô do Pedro, sabíamos que tinha de ser alguém de peso. E o Lima Duarte foi uma escolha natural, que imprimiu ao papel tudo que ele precisava. Queríamos achar o ator certo para cada personagem, e acho que conseguimos.

 

A Busca não é um road movie convencional. Como você o definiria?

A gente chama de thriller dramático. É um road movie, sim, mas por consequência, não fica preso a essa ideia. O filme retrata a viagem de um menino e seu cavalo, o que também dá um tom de fábula ao longa. Ele fala de relações humanas, de pais e filhos. Eu diria que é um filme universal sobre aprendizado. O importante é que, com ele, conseguimos atingir a todo tipo de público. É isso que vale a pena.

 

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