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Documentário sobre amianto é o destaque da primeira noite do Fica

Arquivo Geral

17/06/2011 9h07

Anna Lisbôa, especial para o Jornal de Brasília
cultura@jornaldebrasilia.com.br

Entre as 11 obras exibidas na primeira noite da mostra competitiva do 13º Festival de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), na Cidade de Goiás, o documentário italiano Pó – O Grande Processo do Amianto chamou a atenção do público. O longa dos italianos Niccòlo Bruna e Andrea Prandstraller denuncia os males à saúde causados pelo amianto, minério cancerígeno usado em materiais de construção como telhas e cimento.

O ponto de partida do filme é um julgamento em Turim, na Itália, envolvendo uma multinacional que, nos anos 1950 e 1960, empregava operários em fábricas de amianto. Os trabalhadores tinham contato direto com o pó do material, causador do mesotelioma, tipo de câncer de pulmão. Centenas de pessoas morreram na região em consequência disso.

O uso do amianto foi proibido em 53 países, inclusive na Itália. No entanto, o Brasil mantém-se como um dos grandes exportadores do minério. Após mostrar o terrível legado do amianto na Europa, o documentário se volta para a maior mina do material na América Latina, no estado de Goiás. O filme mostra como se dá a produção do amianto, no Brasil e na Índia, os cuidados e a tecnologia usados para que os trabalhadores não entrem em contato com o pó cancerígeno.

O diretor Niccòlo Bruna explica que foi um desafio sintetizar as informações. “Passamos muito tempo trabalhando para conseguir clareza nas ideias. Tínhamos quantidade grande de material, mas não queríamos abordar os temas de saúde e amianto do ponto de vista técnico.”

Drama

As garantias de segurança das empresas perdem força diante das histórias de ex-operários italianos e familiares das vítimas. O filme mostra os depoimentos no tribunal. Sem arroubos emocionais, os personagens deixam transparecer o sofrimento causado pelo descaso da empresa. “É uma história humana, de luta”, destaca o diretor. “Não é um panfleto, fala ou ensaio. É cinema. Acredito que fomos as primeiras pessoas a abordar os dois lados dessa questão”, aposta Niccòlo Bruna.

O documentário é conservador do ponto de vista estético, aproximando-se do formato televisivo. Traçando o panorama do amianto no mundo, o longa cumpre sua função ao revelar fatos assustadores.  

A repórter viajou a convite da organização do Fica.

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