Camilla Sanches
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A história do rock candango contada por seus principais protagonistas entra em cartaz hoje, em sete salas da cidade, com o documentário Rock Brasília – A Era de Ouro. Na telona, imagens de arquivo, filmadas por Vladimir Carvalho desde o final dos anos 1980, concluem uma trilogia sobre a construção cultural e ideológica da capital federal iniciada com os longas-metragens Conterrâneos Velhos de Guerra e Barra 68.
Em cena e pelos palcos do País, as três bandas locais que ajudaram a construir este painel: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Os componentes fazem parte da primeira geração de filhos de intelectuais, diplomatas e políticos que mudaram-se com JK para o cerrado.
“Não se faz cinema sozinho. Primeiro, é preciso acreditar, para depois ver acontecer”, disse o produtor Marcus Ligocki, em depoimento na abertura do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, quando o filme abriu o tradicional evento, no dia 23 de setembro, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
“Foi um privilégio trazer às telas a história dessa fabulosa rapaziada. Com suas guitarras e baterias gloriosas, são um ensurdecedor exemplo de crença no sonho”, disse Vladimir Carvalho, antes de completar: “Eu fiz este filme para poder dizer a Brasília, em alto e bom som, ‘Eu te amo, Brasília’, apesar de tudo”.
Ritmo
Fê Lemos, da banda Capital Inicial, acredita que o filme ficou muito melhor que o imaginado. “Foi surpreendente. Tem ritmo”, acredita o baterista. “É bonito as coisas do Renato (Russo). Fiquei emocionado, muito feliz”, acrescenta. “O Vladimir refez as entrevistas 20 anos depois. Os anos que se passaram dão uma carga dramática ao longa”.
Para André X, da Plebe Rude, o resultado final também saiu muito melhor que o esperado. “Eu pensava: ‘Lá vem outros daqueles documentários cheios de gente falando. Será que vai interessar a alguém, além do meu ego?’”, questionava.
“A gente começou as gravações completamente sem expectativa. Minha mãe reclamou que eu estava muito mal vestido no vídeo (risos), mas ficou fantástico”, vibra o vocalista, Philippe Seabra. Para ele, a película narra de uma maneira bastante fiel a trajetória dos três conjuntos oitentistas que aparecem na projeção.
Na plateia, nomes ilustres da música local também compartilharam da alegria dos protagonistas. “Gostei, gostei. Acho que cabe o 2, o 3… Tem muita história para contar”, comentou o maestro Rênio Quintas.