Rosane Amaral
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Fazendo um intercâmbio entre o continente africano e a América Latina, começa hoje a décima terceira edição da Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, mais importante mostra teatral do Centro-Oeste. Serão 13 dias de apresentações, com 20 espetáculos de teatro e dança e sete shows musicais, todos com o objetivo de construir uma relação artística entre África e os países latinos.
A ideia de fazer o festival com foco nos países africanos veio para unir a Cena Contemporânea ao Festival Latino-americano de Arte e Cultura (Flaac) da Universidade de Brasília (UnB), que este ano celebra a arte daquele continente. “A UnB fez o convite, pois é parte das comemorações dos 50 anos da universidade”, conta o curador do evento, Guilherme Reis.
A apresentações vão ocupar os espaços do centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul), a Sala Martins Penna do Teatro Nacional (ao lado da rodoviária do Plano Piloto), Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural da Funarte (ao lado da Torre de TV), o Teatro Eva Herz da Livraria Cultura do shopping Iguatemi (Lago Norte) e o Teatro Goldoni (208/209 Sul). Foram mais de 400 grupos internacionais inscritos e a seleção, bastante criteriosa, durou vários meses. “A gente recebe material da América Latina inteira o ano todo. Quem não foi escolhido esse ano pode participar das próximas edições”, explica Reis.
Os espetáculos internacionais selecionados têm como ponto em comum tratar de questões humanas para provocar algum tipo de reflexão no espectador. É o caso de Mi Vida Después, da argentina Lola Arias, que traz um retrato da ditadura militar no país, e uma das atrações da abertura do festival. “Esse espetáculo é feito por pessoas novas e, por isso, traz uma visão bem emotiva da ditadura”, descreve o curador.
Para Guilherme, eventos como o Cena Contemporânea são importantes para democratizar o teatro e quebrar preconceitos como o de que é “chato” e “caro”. “O palco é um dos locais onde se pode discutir o papel do homem. Teatro mobiliza muita gente. Esses festivais cumprem o papel de popularizar e informar as pessoas sobre o teatro”, acredita.
Brasil
O cenário nacional também marcará uma forte presença na abertura do festival com Foi Carmen Miranda, que brinca com os estereótipos populares a respeito da pequena notável. A peça é dirigida por Antunes Filho, um mito do teatro brasileiro em ativa desde 1950.
Na abertura, o público também poderá assistir Estamira, sobre a vida de uma catadora de lixo que sofre com uma deficiência mental, mas possuía uma visão bastante peculiar do mundo. Baseada no documentário de Marcos Prado, a obra rendeu prêmios Shell e APTR de 2011 à atriz Dani Barros.