Alfred Hitchcock ilustrava como ninguém a real diferença entre susto e suspense. Primeiro, imagine uma cena com várias pessoas em uma sala de reunião. De repente, uma bomba explode. Isto é um susto. Agora, imagine a mesma cena com uma pequena – mas importante – diferença: uma bomba é colocada debaixo da mesa minutos antes de as pessoas adentrarem o recinto. Você já sabe que a bomba está prestes a explodir. As pessoas na sala não sabem, mas você não pode fazer nada para avisá-las. Isto é suspense. A história que resume com genialidade por que Alfred Hitchcock é o mestre do suspense é contada, em entrevista ao Jornal de Brasília, por Arndt Roskens, curador da mostra que leva o nome do cineasta inglês e que o homenageia com 35 longas e 20 curtas, até 3 de agosto.
Oportunidade única de assistir, na telona e em película, às aterrorizantes facadas contra o corpo de Janeth Leigh em Psicose, os inebriantes movimentos de câmera de Frenesi, a vertigem incômoda de John Stewart em Um Corpo que Cai, a brilhante metalinguagem do cinema falando do cinema em Janela Indiscreta, ou a química do indefectível casal Cary Grant e Grace Kelly na Riviera de Ladrão de Casaca.
Revolução
Ótimo momento para descobrir um Hitchcock menos conhecido: “Todos já assistiram Psicose e Janela Indiscreta, mas na mostra exibiremos curtas e longas-metragens que trazem à tona outras nuances de Hitchcock”, explica Roskens, fã assumido do inglês que, em suas palavras, “revolucionou a maneira de se fazer suspense”.
Barba, cabelo e bigode
Além das sessões, que serão exibidas na sala de cinema e no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, a programação da mostra ainda traz o curso Hitchcock e a Ilusão do Cinema, composto por três aulas (dias 11, 18 e 25 de julho) ministradas pelo professor de cinema Ciro Inácio Marcondes.
Parte fundamental dos filmes de Hitchcock, a trilha sonora é lembrada em uma aula magna oferecida pelo maestro Júlio Medaglia, no dia 13.
Cereja do bolo, o pianista Antônio Carlos Bigonha toca ao vivo na exibição do filme mudo O Inquilino (1926), no dia 27 de julho.
Ponto de vista
O cineasta Douro Moura não esconde de ninguém
sua admiração por Alfred Hitchcock. “Apesar de
ser uma comédia dramática, meu curta Mamãe
tá na Geladeira tem um quê bem sinistro, que fui buscar nos filmes dele”, revela Moura. “Hitchcock revolucionou o cinema em campos como a fotografia, roteiro e trilha sonora.
Sem contar a questão do baixo orçamento. Não eram grandes produções, mas suas obras sempre acabavam tendo um impacto enorme”, resume.
SERVIÇO
Alfred Hitchcock – De hoje a 4 de agosto. De terça a domingo (com exceção de 28 de julho). No Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul). Entrada franca. Informações: 3108-7600. Classificação indicativa varia de acordo com o filme.
PROGRAMAÇÃO
Hoje
» 16h – Os 39 Degraus (1935)
» 18h – Marnie, Confissões de Uma Ladra (1964)
» 20h50 – Psicose (1960)
Amanhã
» 16h30 – O Homem que Sabia Demais (1956)
» 19h – O Homem que Sabia Demais (1934)
» 20h40 – A Dama Oculta (1938)
Quinta-feira
» 14h50 – Sabotagem (1936)
» 16h30 – O Jardim dos Prazeres
(1925)
» 18h – Um Corpo que Cai (1958)
» 20h50 – Um Barco e Nove Destinos (1944)
Sexta-feira
» 15h – A Tortura do Silêncio (1954)
» 17h – O Homem Errado (1956)
» 19h – Festim Diabólico (1948)
» 20h50 – Ladrão da Casaca (1955)
Sábado
» 14h – Sabotador (1942)
» 16h – O Terceiro Tiro (1956)
» 18h – Cortina Rasgada (1966)
» 20h30 – Rebecca, A Mulher Inesquecível (1940)
Domingo
» 14h – Agonia do Amor (1947)
» 16h30 – Interlúdio (1946)
» 18h30 – A Sombra de Uma Dúvida (1943)
» 20h40 – Quando Fala o Coração (1945)