Andréia Castro
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Drama e muito suspense, pontuado por um debate sobre o fundamentalismo religioso. Este é basicamente o enredo do primeiro filme do inglês Matthew Chapman em mais de dez anos, o longa independente A Tentação.
Na trama conhecemos Gavin Nichols (Charlie Hunnam), que está se preparando para saltar do topo de um prédio. Um investigador (Terrence Howard) é então enviado para lidar com o caso e tentar impedi-lo de se matar. Ele revela, porém, que sua motivação não é suicida – para salvar uma vida, ele precisa pular ao meio-dia. A partir daí, o protagonista começa a contar uma história de amor pouco convencional.
Com diversos flashbacks, o filme tem estrutura narrativa que foge do lugar-comum. Chapman pesa um pouco a mão no roteiro para conseguir amarrar o passado de todos os envolvidos. Fica parecendo que ninguém vive o que realmente quer, mas sobrevive por imposição dos erros do passado. Cada um dos personagens tem fantasmas escabrosos para justificar o comportamento – e tudo acaba parecendo forçado algumas vezes.
Ponto alto
Destaque para as atuações, que são o ponto alto do filme. Hunnam e Patrick Wilson, fazendo as vezes de um fundamentalista cristão, mantêm ótimos diálogos sobre religião. O romance mantido entre o protagonista e Liv Tyler também é bem natural e a química está ali. O relacionamento dos dois, que acaba gerando problemas irreversíveis, é desenvolvido de maneira realista e os encontros são os melhores momentos da produção.
A Tentação tem também um charme especial pelo fato de o diretor, que ainda assina o roteiro, Matthew Chapman ser casado com a atriz brasileira Denise Dumont. Exibido em Sundance, o filme é um ótimo suspense, polêmico, com uma mensagem a passar.