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Diário inédito da viagem de Bioy Casares ao Brasil será publicado em setembro

Arquivo Geral

12/08/2010 14h07

O escritor argentino Adolfo Bioy Casares, grande viajante, queria que suas expedições se transformassem em viagens interiores que o ajudassem a refletir. Em 1960 foi ao Brasil, convidado pelo PEN Clube, e dessa visita nasceu Uns dias no Brasil, livro inédito.

O livro será publicado mundialmente no dia 6 de setembro – pela editora Páginas de Espuma na Espanha e pela Compañía na Argentina – e será completado com uma exposição das fotografias inéditas tiradas por Booy que o volume inclui, na Galeria Guayasamín da Casa da América, sob o título Brasília 1960.

O título, em tradução livre, ficou como Uns dias no Brasil (Diário de uma viagem) e o livro conta também com um epílogo do editor e tradutor Michel Lafón.

Trata-se de uma obra breve, um livro “raro”, de algo mais de 100 páginas em forma de diário, outra das práticas do autor de La invención de Morel (1940), nas quais o narrador argentino descreve suas impressões, reflexões e lembranças sobre o Rio de Janeiro, São Paulo e uma recém-nascida Brasília.

O próprio Casares fez uma edição de uns 200 exemplares de Uns dias no Brasil… para a família e amigos, mas que não teve nenhuma repercussão pública, explica à Agência Efe Juan Casamayor, editor de Páginas de Espuma.

Lafón, que assistirá à apresentação oficial do livro no próximo dia 8 em Madri, diz nele que este diário tem um toque íntimo e pessoal do autor “para seguir transformando qualquer dia de sua vida em uma viagem e uma aventura, qualquer lugar do mundo em uma ilha encantada onde tudo se torna possível e inclusive desejável”.

O autor foi amigo inseparável de Borges (de fato desde que Bioy e Borges se conheceram em 1931 não se separaram) e fez esta viagem convidado para um congresso de escritores organizado pelo Pen Clube.

Daí que nas páginas do livro passeiem também autores como Morávia e Graham Greene, que coabitam com os detalhes e as lembranças cotidianas da viagem, a descrição de ambientes e a impressão decepcionante que lhe produziu Brasília, que começou a ser construída em 1956.

Lafón assegura que não sabe por que Bioy aceitou o convite: “Ele não tem nada para dizer aos outros convidados, rejeita as amizades obrigadas e os exercícios impostos, odeia a retórica vazia, não quer falar em público”.

“Mesmo assim – diz Casamayor – Lafon acaba questionando: ‘Viajar para escrever, escrever para esquecer que está viajando, e para lembrar depois. E se Bioy for o maior diarista do continente?'”.

O narrador argentino, que deixa aqui seu texto de humor sossegado e tranquilo, depois, em 1967, empreendeu outra viagem sozinho pela Europa, com um Peugeot alugado que o levou à França, Grã-Bretanha, Suíça, Alemanha e Itália, entre outros países.

Também como fruto deste périplo escreveu um caderno de recordações. Um livro publicado na Espanha em 1997 com o título Em Viagem.

Assim, o olhar profundo e literário deste viajante especial dá outro olhar deste autor, cuja obra está marcada pela imaginação e o amor pelos diários. Não é por menos também que ele foi anotando em seu diário todas as noites que jantou com Borges em sua casa durante 40 anos.

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