Radical, experimental, provocador e inovador. São vários os adjetivos que podem definir o 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro como a edição que revitaliza a seleção cinematográfica mais tradicional e historicamente exigente do País. A opção pelo novo em sua mostra principal (competitiva de longas em 35mm) é uma resposta da curadoria às críticas das edições anteriores, devido ao grande volume de documentários.
Assim, a prova de fogo do Festival de Brasília começa hoje, na abertura da mostra competitiva em 35mm, que apresenta até segunda-feira seis longas e 12 curtas-metragens inéditos. Desta vez, apenas duas produções representam Brasília na corrida pelo Candango, Braxília, de Danyella Proença; e Falta de Ar, de Érico Monnerat. Ambos curtas. O único longa brasiliense que havia conquistado uma vaga na estreita seleção (O Marde Mário) foi desqualificado por te sido exibido antes na Mostra de São Paulo.
Felipe Bragança – cineasta que já levou o prêmio de melhor direção 16mm no 36º Festival de Brasília, com o curta Por Dentro de uma Gota Dágua (2003) – abre a competição com seu longa A Alegria, codirigido por Marina Meliande. O filme teve sua estreia mundial na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela do Festival de Cannes 2010.
A sensação de ter um filme recebido por olhares internacionais anima Bragança, que passou pela mesma experiência com seu filme anterior, A Fuga da Mulher Gorila. “Aqui acho que os códigos e mensagens subliminares narrativas são melhor sentidas pelo comum prévio conhecimento de alguns temas ou assuntos. Por outro lado, lá fora, o encantamento com os espaços, temáticas e linguagem costuma ser mais vibrante. Duas experiências muito boas de se ter”, observa.
O longa é o eixo central da trilogia Coração no Fogo (A Fuga da Mulher Gorila, A Alegria e Desassossego), idealizada pelos dois diretores. “Em 2007 pensamos em fazer três filmes que, de forma amorosa e ácida, lidassem com o imaginário juvenil urbano brasileiro, misturando-o a três gêneros clássicos do cinema, sem tentar reproduzi-los nem como paródia, nem como pastiche. Foi um desejo incontrolável e também uma decisão tomada em parceria, casando interesses comuns meus e de Marina”, explica Bragança.
Com o elenco formado, em sua maioria, por jovens, muitas vezes, não-atores, o diretor explica que a mistura entre profissionais e inexperientes dentro da pequena fábula sobre juventude e coragem faz bem a atmosfera do longa: “Não-atores jovens nos trouxeram a selvageria, a ingenuidade entusiasmada e o amor que procurávamos. Os atores nos trouxeram as pontuações dramáticas, os nós narrativos mais claros e as declamações mais precisas dos diálogos”.
Ainda na programação de hoje serão exibidos os curtas Cachoeira, produção amazonense de Sergio José de Andrade, e Fábula das Três Avós, do paulista Daniel Turini.
Confira a programação completa: http://clicabrasilia.com.br/site/noticia.php?id=310799&secao=V