
Camilla Sanches
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Cinquenta anos de história do samba. É isso que o cantor e compositor Monarco vai apresentar no Teatro da Caixa Cultural, nesta quinta e sexta-feira, às 20h.
Aos 77 anos – “bem vividos, bem bebidos e bem felizes, graças a Deus”, como gosta de ressaltar –, sendo que está desde os 13 na Portela, a escola de samba do coração, o sambista coleciona sucessos gravados por grandes nomes como Beth Carvalho, João Nogueira e Clara Nunes. Outros mais novos, como Zeca Pagodinho e Paulinho da Viola, também já cantaram suas composições.
“No show eu falo de Paulo da Portela, que foi meu professor, Silas de Oliveira, companheiro de copo e de sambas”, adianta Monarco. Para ele todos esses são ídolos, assim como o mestre Cartola. “Não aprendi com eles. Me aperfeiçoei. Sambista nasce com o dom, porque samba não se aprende no colégio. Samba bom é o que sai do coração”, ensina o mestre.
Ele lembra que, quando criança, olhava “esses caras” passarem na rua e os admirava muito. “Não imaginava que chegaria a ser companheiro de roda de samba deles”, revela o carioca.
Monarco começou a compor aos 15 anos, dois anos depois de entrar (para nunca mais sair) da Azul e Branco carioca. Ele conta que cresceu nesse universo e que ser elogiado por gênios da música popular brasileira publicamente era algo que o emocionava e lisonjeava muito: “É uma glória muito grande ser lembrado e citado como alguém promissor pelo divino Cartola”.
Trajetória
Antes de se consagrar na carreira artística, o sambista trabalhou como guardador de carros na porta do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, na década de 1970.
O reconhecimento só veio depois que Martinho da Vila gravou uma composição de sua autoria, Tudo, Menos Amor, em 1973. Sua carreira profissional teve início em 1957.
“Antes, compúnhamos, mas os sucessos morriam ali mesmo, nos terreiros das escolas de samba, onde os ensaios aconteciam e os sambas-enredo surgiam”, comenta.
O cantor e compositor sobe ao palco acompanhado da banda formada por Marquinhos, no pandeiro, Guará, no violão, Timbira, no surdo e Serginho Procópio, no cavaquinho.
“Brasília é minha segunda casa, tenho vindo aqui com muita frequência e tenho certeza de que os brasilienses vão se deliciar com o puro suco do samba carioca. O verdadeiro samba de raiz que trouxemos”, assegura.
Repertório
O show será marcado por grandes sucessos, como Proposta Amorosa e Passado de Glória, de sua autoria. Parceiras como Nunca Vi Você Tão Triste, Vai Vadiar e Coração em Desalinho, escrita a quatro mãos com Ratinho de Pilares, também foram privilegiadas.
Esta última foi gravada por Zeca Pagodinho e, mais recentemente, pela cantora Maria Rita, que a canta na abertura da atual novela das nove da TV Globo, Insensato Coração.
O set list ainda tem espaço para sambas de autores como os mestres e ídolos do intérprete: Cartola, Carlos Cachaça, Herminio Belo de Carvalho e Paulo César Pinheiro.
Monarco – Nesta quinta e sexta, às 20h, no Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4). Ingressos: R$ 20, a inteira. Informações: 3206-9448. Não recomendado para menores de 12 anos.